Dinâmica do nitrogênio mineral e produtividade do arroz irrigado na sucessão soja-azevém em solo de várzea
Abstract
A atual recomendação da adubação nitrogenada para o arroz irrigado (Oryza sativa)
depende do teor de matéria orgânica do solo e da expectativa da resposta à aplicação de N,
podendo ser influenciada pelos cultivos anteriores. Este trabalho objetivou avaliar o efeito
residual do N acumulado (NAC) pela soja (Glycine max), e a influência da sucessão com azevém
(Lolium multiflorum Lam.) na recomendação de N na semeadura (ANS). O experimento foi
conduzido nas safras 2008/09 e 2009/10, consistindo no cultivo de arroz irrigado, tendo como
tratamentos o uso do solo (sucessão com azevém/rotação com soja ou pousio em todo o período
ou apenas no inverno antecedendo o arroz irrigado) e doses de ANS. No primeiro ano foi
avaliado o acúmulo de N pela soja. No segundo, monitorou-se o N mineral do solo do outono à
primavera, sob as sucessões testadas, estimando-se ainda: produção de matéria seca (MS) e
NAC no azevém na floração plena, e do arroz irrigado aos oito dias após a primeira adubação
nitrogenada em cobertura (ANc); a medida indireta do teor de N em unidades SPAD (NSPAD),
utilizando clorofilômetro; produtividade de grãos, peso de mil grãos, esterilidade e número de
grãos por panícula no arroz. Os resultados obtidos sugerem contribuição do N fixado
biologicamente pela soja apenas sobre a produção de MS do azevém. As quantificações de N
mineral apresentaram comportamento semelhante em todos usos e profundidades analisadas,
com queda brusca a partir da segunda avaliação, e manutenção de valores baixos nas demais.
Não se identificou interação entre efeitos dos usos do solo e doses de ANS para nenhum dos
parâmetros avaliados no arroz. Na análise isolada dos seus efeitos, doses continuaram não
influenciando nenhum parâmetro, indicando que nas condições testadas, a utilização ou não da
ANS recomendada para a cultura do arroz irrigado, não interferiu no seu desenvolvimento e
produtividade, dispensando ajuste. Uso do solo incidiu efeitos sobre os parâmetros MS, NAC,
NSPAD e produtividade do arroz, obtendo-se maior valor para MS no cultivo sobre pousio durante
todo o período antecedente, que também refletiu efeito de uso apresentando valores diferentes e
menores nas duas últimas avaliações com clorofilômetro, enquanto que para NAC ocorreram
valores semelhantes e elevados nos dois tratamentos que incluíram pousio no inverno, refletindo
melhor desenvolvimento inicial nestas parcelas. Nenhum tratamento interferiu sobre esterilidade
das panículas, número de grãos por panículas e peso de mil grãos. Com base nos resultados,
apesar do maior desenvolvimento do azevém em sucessão a soja, não se obteve indicação da
necessidade de ajuste da ANS do arroz cultivado em rotação com a Fabaceae nem em sucessão
à forrageira. Igualmente, embora ocorrido efeito do fator uso sobre a produtividade do arroz, não
houve evidência clara da sua influencia sobre este parâmetro, visto que, apesar de alguns
reflexos positivos do N fixado pela soja sobre a produtividade do arroz irrigado cultivado na
rotação, identificou-se o menor índice de produtividade do arroz irrigado no tratamento sucessão
a pousio de inverno e rotação com soja no verão.