Potencial de mineralização anaeróbica do nitrogênio em solos de várzea do Rio Grande do Sul
Resumo
O N orgânico do solo é a principal fonte de N para as culturas, o qual é disponibilizado mediante decomposição da matéria orgânica do solo (MOS) pelos microrganismos. A adubação nitrogenada é baseada no teor de MOS, entretanto, a
decomposição da MOS e mineralização do N em ambiente alagado apresenta uma dinâmica diferente com relação ao ambiente drenado, o que dificulta a estimativa da
dose de adubo mineral nitrogenado a ser adicionado ao solo para a produção de arroz. Portanto, conhecendo-se a dinâmica da decomposição da MOS e o comportamento do N
neste ambiente, pode-se melhorar as tabelas de indicação da adubação nitrogenada. Os objetivos do presente trabalho foram: (a) avaliar o potencial de mineralização anaeróbia
do N de diferentes solos de várzea do RS em casa-de-vegetação e in vitro, bem como sua relação com características dos solos; b) ajustar modelos matemáticos que
descrevem o potencial de mineralização do N e sua relação com a disponibilidade de N para o arroz irrigado. Foram coletadas 15 amostras da camada superficial (0-20 cm) de
solos de várzea do RS. As amostras de solo foram secas ao ar e tamisadas em peneira malha 2mm. Para uniformizar o pH dos solos aplicou-se calcário dolomítico nas quantidades equivalentes para a elevação do pH a 5,5, estimado pelo índice SMP de cada solo. Após um período de 35 dias de incubação com o calcário, realizou-se a montagem dos vasos do experimento para o cultivo de plantas. As unidades
experimentais constituíram de vasos contendo os solos com 4 repetições, em delineamento inteiramente casualizado. As plantas cresceram por um período de 60 dias em casa-de-vegetação, em 2 cultivos sucessivos. Colheu-se a parte aérea das plantas para análise do tecido vegetal e obtenção do N absorvido. Em laboratório realizou-se uma incubação anaeróbia dos 15 solos durante 24 semanas, onde se procederam a drenagens em períodos determinados da solução de alagamento do solo e nesta determinou-se o N mineralizado. A partir dos resultados do N mineralizado acumulado em função do tempo, aplicou-se 5 modelos matemáticos para a predição do potencial de mineralização do N e das taxas de mineralização. Avaliaram-se correlações dos atributos de solo, N mineralizado e parâmetros dos modelos com o teor de N absorvido pelas plantas. O teor de C orgânico do solo apresentou alta correlação com o teor de N absorvido pelas plantas no primeiro cultivo e, o teor de argila do solo com o N absorvido no segundo cultivo. O N mineralizado acumulado apresentou elevada correlação com o N absorvido pelas plantas no primeiro cultivo e com o teor de C orgânico do solo. O modelo de Jones (1984) foi o que melhor estimou o N potencialmente mineralizável (N0) e as taxas de mineralização (k). O N0 do modelo de Stanford & Smith (1972) apresentou elevada correlação com o N absorvido pelas plantas no primeiro cultivo e o k apresentou elevada correlação com o teor de argila do solo. Já o parâmetro N2 de Jones (1984) foi o que melhor se correlacionou com o teor de N absorvido pelas plantas no segundo cultivo.