Transição agroecológica em sistemas de produção de batata
Resumo
Este trabalho é decorrente da ação articulada entre técnicos da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER/RS-ASCAR), da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO-RS), com agricultores familiares representados pela Associação
dos Produtores de Batata da Região Central do RS (ASBAT). A pesquisa partiu da necessidade de avaliar práticas de manejo da produção de batata sob o enfoque sistêmico, buscando aumentar a sustentabilidade ambiental e sócio-econômica da produção deste tubérculo tão importante para a agricultura familiar e a segurança alimentar da Região Sul do Brasil. Adotou-se o paradigma científico da transição agroecológica, partindo-se do sistema convencional amplamente dominante no Brasil para o desenvolvimento de sistemas com
sustentabilidade crescente. Os estudos principais concentraram-se em dois sistemas de produção: I - batata safra e II - batata safrinha, compostos de subsistemas de rotação de culturas (com culturas comerciais e plantas de cobertura do solo), de fertilização (orgânica, mineral ou ambas) e de manejo fitossanitário e de plantas daninhas. O objetivo principal do trabalho foi avaliar e desenvolver sistemas de transição agroecológica de produção de batata
através do uso eficiente de adubos orgânicos, rotações e manejos de culturas e práticas alternativas disponíveis, buscando a melhoria da qualidade do solo, da produção e do meio ambiente. O experimento principal foi conduzido na FEPAGRO de Júlio de Castilhos RS e outros experimentos complementares foram implantadas em propriedades de agricultores associados à ASBAT. Os resultados preliminares indicam haver grande possibilidade de diminuir o impacto ambiental da cultura da batata mediante sistemas de base ecológica; que foi viável a utilização de adubo orgânico isolado ou em combinação com adubos minerais para o cultivo de batata, principalmente a cama de frango; que nas condições experimentais foi possível produzir batata sem o uso de agrotóxicos no controle de doenças; por outro lado,
o controle de pragas de solo constitui-se no maior entrave, onde os extratos, folhas e óleo das plantas testadas não foram eficientes; que não houve impactos importantes na qualidade do solo neste curto espaço de tempo da avaliação. Além disso, ficou evidente que a avaliação da sustentabilidade do uso de adubos orgânicos, caldas ecológicas e plantas de cobertura do solo só pode ser corretamente mensurada em experimentos de longa duração, sugerindo a imediata
continuidade e o aprofundamento dos estudos, sob o risco de não se ter mais a bataticultura na agricultura familiar do RS, diminuindo a segurança alimentar da sociedade.