Avaliação in vitro do canal cavo-interradicular em molares inferior
Abstract
Todo tratamento endodôntico pode levar a insucessos devido às alterações anatômicas internas. Dentre estas está o canal cavo-interradicular, que comunica o assoalho da câmara pulpar com o periodonto na região da furca. Assim foi propósito deste trabalho avaliar a presença deste canal em 360 molares inferiores permanentes humanos que se encontravam armazenados desidratados, utilizando quatro métodos de avaliação: radiografias, a olho nu (ON), pelo microscópio odontológico (MO) e diafanização. Foram comparados os métodos (radiográfico e diafanização) utilizados para verificar a presença do canal cavo-interradicular; e observada a presença de foraminas através dos métodos (ON e MO) pelo assoalho da câmara pulpar e furca; bem como comparados os resultados entre os grupos de rizogênese completa (RC) e incompleta (RI). Foram utilizados 360 molares inferiores pertencentes ao acervo da Disciplina de Anatomia e Escultura Dental da UFSM, todos com assoalho da câmara pulpar intacto e armazenado em recipientes secos. Os mesmos foram rehidratados, seccionados, até 1,5 mm apicalmente à furca e até 0,5 mm do assoalho pulpar. Após, foram imersos em hipoclorito de sódio 1% (24h), lavados em água corrente e nova imersão em hipoclorito de sódio 1% em ultrassom (10 min.), seguida de nova lavagem em água corrente e secos à temperatura ambiente. Depois, foram armazenados individualmente em recipientes de vidro, numerados e tampados. Todas as avaliações foram feitas pelo mesmo operador, sendo a radiográfica com quatro amostras por película com uma lupa (4x); a ON e MO (30x) com iluminação artificial direcional na amostra; e pela diafanização cada amostra em seu recipiente com líquido, sobre um negatoscópio e com auxílio do MO (30x). Pela análise radiográfica o canal cavo-interradicular não se mostrou evidente, mas como uma zona levemente radiolúcida na região da furca em 9,04% das amostras; com suspeita da sua presença em 2,33% e não foi encontrado em
88,63%; pela diafanização, o canal não foi encontrado em 100%; a ON foram evidentes foraminas em 20,9% na furca e 1,9% no assoalho pulpar; pelo MO, 62,1% na furca e 5% no assoalho pulpar. O grupo RC apresentou foraminas em 61,1% na furca e 5,8% no assoalho pulpar; o grupo RI com 64,7% na furca e 3% no assoalho pulpar. Diante das condições desenvolvidas neste trabalho pode-se concluir que o exame radiográfico realmente não serve como um meio de diagnóstico efetivo, mas sim como um exame auxiliar, importante para programar procedimentos clínicos; pelas avaliações a ON e MO, o número de foraminas é bem maior na furca que no assoalho pulpar, podendo ser sítios de deposição de placa bacteriana, dificultando a limpeza da região quando exposta na cavidade bucal, e não houve maior número de foraminas no grupo rizogênese incompleta; o uso do microscópio odontológico é uma ferramenta excelente para visualização dos detalhes anatômicos dentários; a diafanização é um excelente método avaliativo, visto que temos a total visualização em terceira dimensão da anatomia interna dental; e que há necessidade de se estudar mais a respeito da utilização de dentes armazenados desidratados em algumas metodologias de pesquisas.