Avaliação histológica do tecido pulpar humano pósintrusão ortodôntica
Resumo
As forças aplicadas durante o tratamento ortodôntico ocasionam efeitos nos
dentes e tecidos adjacentes, conforme a intensidade e tempo de aplicação. As
alterações causadas nos tecidos pulpares não estão totalmente esclarecidas na
literatura pela escassez de estudos, variedade de metodologias empregadas,
resultados conflitantes e dificuldade de realização de pesquisas que simulem
situações clínicas. Diante desse fato, o presente estudo teve como objetivo avaliar a
polpa dental humana, após a aplicação de força ortodôntica de intrusão, por meio de
exame histológico. A amostra selecionada foi de 34 primeiros pré-molares humanos,
com indicação ortodôntica de exodontia, de 17 indivíduos jovens (12 a 19 anos,
ambos os sexos). Em cada paciente, foi aplicada força de intrusão de 60g
aleatoriamente em apenas um dos elementos dentais, constituindo o Grupo-
Experimental (GE). O homólogo não recebeu força constituindo o Grupo-Controle
(GC), caracterizando um estudo de boca dividida. Passados 21 dias, os pré-molares
foram extraídos, armazenados em formol a 10%, submetidos ao preparo histotécnico
e corados com hematoxilina-eosina. A análise das lâminas histológicas foi feita em
microscópio óptico, por um único examinador experiente calibrado. O teste exato de
Fischer (p≤ 0,05), pareado, mostrou significativo aumento da presença de tecido
fibroso no GE. O teste não-paramétrico de Wilcoxon (p≤ 0,05), pareado, mostrou
significativo aumento no número de nódulos pulpares nos elementos do GE e não
mostrou diferença no número de vasos sanguíneos entre os grupos. Em 8
elementos do GE foi observada a presença de vasos calibrosos e congestos. A força
ortodôntica de intrusão, nessas condições, causou alterações vasculares no tecido
pulpar, aumentou a presença de áreas de fibrose e o número de calcificações
pulpares nos elementos experimentais.