Vem tecemos a nossa liberdade: uma etnografia das solidariedades e dos conflitos vividos por sem-terras no norte do RS
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2009-10-19Metadatos
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O objeto desta pesquisa é o Acampamento Sarandi, pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, localizado no norte do Rio Grande do Sul, região de gênese do Movimento. Diante da simbologia que esta região representa aos sem-terra, o objetivo do MST é manter vivo o Movimento onde ele foi criado. Foi com este propósito que, em 2004, integrantes do MST acamparam na região, tendo como alvo a Fazenda Coqueiros, maior propriedade rural do norte do estado. A Coqueiros representa a busca de um novo referencial de luta, referencial este, que até pouco tempo, esteve vinculado à Fazenda Annoni. A partir disso, este estudo, sustentado pela etnografia através da observação participante e do contato intersubjetivo com o campo pretente estudar os processos de identificação do grupo de
acampados em Sarandi com os objetivos e princípios do MST, sendo que tais indivíduos convivem em meio a um cenário de auxílio mútuo e conflito. A vida no Acampamento Sarandi se caracteriza por períodos de formação e vivências solidárias, porém não é um espaço livre de conflitos e desencontros. A perspectiva pela conquista da terra, que fornece a confluência de trajetórias individuais, é na verdade a
representação da carência de perspectivas de um grupo social portador de biografias calejadas pela supressão social e econômica e, destas experiências vivenciadas, se origina a percepção de que a vida no Acampamento é melhor que a vida fora dele. Desse modo, o MST sustentado pelos rótulos da reforma agrária, do socialismo, do cooperativismo e da
agroecologia transfigura-se em um movimento de acolhida e de manutenção das necessidades básicas, não atendidas pelo Estado.