Seja homem! : construção de masculinidade na revista Men’s health Brasil
Date
2012-03-30Metadata
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O objetivo desta pesquisa foi a percepção do modelo de masculinidade predominante no conteúdo da revista Men s Health Brasil e como este é transmitido através de seu conteúdo. Diante da crescente segmentação do mercado de revistas e o crescimento do número de veículos que abordam a questão do corpo e da saúde, esta publicação apresenta-se de maneira diferenciada, na medida em que escapa ao modelo tradicional da revista masculina, uma vez que traz em seu conteúdo uma série de elementos que, após análise, identifiquei como componentes de um roteiro de construção de um modelo de masculinidade ideal, formado por uma visão bastante clara do que um homem saudável e bem-sucedido (na vida pessoal e social) deve ser. Sob o slogan Viver melhor é fácil , a publicação orienta, com base em discursos-verdade legitimados principalmente na esfera do conhecimento científico (como pesquisas de universidades diversas e participação de profissionais de diversas áreas na elaboração das matérias), a construção da masculinidade de seus leitores, esclarecendo-os em diversas áreas da experiência masculina, desde o cuidado do corpo e sua formatação até o seu convívio com mulheres e outros homens. Na lapidação deste modelo ideal de ser homem, Men s Health traz também uma série de valores acerca do que é ser homem, os quais concernem à necessidade de ser viril, competitivo, saudável, bom de cama , independente e controlador de seu mundo. Não por coincidência, todos esses aspectos guardam forte aproximação com elementos já abordados pela teoria de gênero como pertencentes ao modelo patriarcal de masculinidade. Através das produções teóricas de Michel Foucault sobre disciplina, norma e corpo e da complementação à sua teoria proposta por Anthony Giddens, que trata da corporificação identitária reflexiva, busquei compreender como a revista em questão elabora seu discurso de forma a moldar seu leitor a uma norma aceita mundialmente (uma vez que a publicação está presente em diversos países) relativa a uma masculinidade hegemônica. Esta, por sua vez, como propõe Robert/Raewyn Connell, é construída através de processos de socialização do acesso aos meios de comunicação, que demonstram uma masculinidade que se afirma na diferenciação de outros arranjos de masculinidade, no caso de Men s Health, de masculinidades dos homens que não se encaixam no modelo físico propagandeado pela revista.