Triagem auditiva neonatal: um programa experimental
Abstract
A deficiência auditiva (DA) acarreta transtornos significativos ao desenvolvimento pessoal e é de alta prevalência dentre as deficiências congênitas. A detecção e intervenção precoce são fundamentais para minimizar os prejuízos ocasionados pela DA. A triagem auditiva neonatal (TAN) é uma importante alternativa para a detecção precoce da DA. O objetivo deste trabalho foi promover a implantação de um programa de triagem auditiva neonatal opcional (TANO),
avaliando a função auditiva dos recém-nascidos, identificando as alterações auditivas, os indicadores de risco auditivo mais freqüentes e analisando os fatores que interferiram no
desenvolvimento do programa de TAN proposto. A amostra compôs-se de 225 recémnascidos de um hospital municipal, avaliados na maternidade e UTI Neonatal por meio de
emissões otoacústicas evocadas transientes (EOAET). A primeira triagem auditiva ocorreu antes da alta hospitalar. As 100 crianças que falharam na primeira triagem auditiva deveriam retornar em 15 dias para reteste. Foram encaminhadas para a etapa de diagnóstico as 10
crianças que permaneceram com falha na segunda triagem auditiva. Das quatro crianças que compareceram para avaliação de Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) a alteração auditiva foi confirmada em todas elas. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos com e sem indicadores de risco na primeira triagem auditiva, sendo esta diferença significativa na segunda triagem. As crianças da UTI Neonatal obtiveram, significativamente, mais resultados falha do que as da maternidade. O resultado passa prevaleceu para o sexo feminino e para a orelha direita. Não houve diferença
significativa entre os resultados obtidos antes e após 24 horas de vida. Obteve-se ao final das etapas propostas 14,22% de evasão, com predomínio para o grupo com indicadores de risco. Concluiu-se que um terço das crianças avaliadas tinham indicadores de risco para DA, sendo
a permanência em UTI Neonatal o mais freqüente. A ocorrência de alterações auditivas na amostra foi superior à referida pela literatura. Obteve-se elevado número de resultados falha na primeira triagem auditiva, os quais foram significativamente reduzidos na segunda triagem. Alguns fatores como o ambiente de realização, a experiência do avaliador, a participação da equipe do hospital e o tempo de permanência do neonato no alojamento conjunto podem ter
influenciado os resultados da primeira triagem auditiva. A evasão na segunda triagem auditiva e na etapa do diagnóstico foi a principal dificuldade encontrada durante o desenvolvimento do programa.