Efeitos vocais imediatos da técnica Finger Kazoo em professoras disfônicas com e sem afecções laríngeas
Resumo
Objetivo: Verificar e correlacionar as modificações vocais acústicas de filtro e de
fonte glótica, perceptivoauditivas, nível de pressão sonora (NPS) e autoavaliação vocal
imediatamente após a técnica Finger Kazoo (FK) em professoras disfônicas. Métodos:
Estudo empírico, experimental, quantitativo e contemporâneo. Amostra de 49 professoras
disfônicas com e sem afecções laríngeas (AL), com idades entre 24:8 e 61:7 anos (média
39:15 anos), sendo 19 do grupo de estudo 1 (GE1) e dez do grupo de controle 1 (GC1), 13
do grupo de estudo 2 (GE2) e sete do grupo de controle 2 (GC2). Os GE1 e GC1 referem-se
aos sujeitos sem AL, enquanto os GE2 e GC2 referem-se aos sujeitos com AL. Nos GE,
realizou-se a coleta da vogal /a:/, medida do NPS, execução da técnica FK em seis séries
de 15 repetições e, imediatamente após, a coleta da vogal /a:/, medida do NPS e
autoavaliação vocal. Nos GC, os mesmos procedimentos foram realizados, porém, ao invés
da execução da técnica, as professoras permaneceram em silêncio. Realizou-se a análise
acústica vocal com os programas Multi Dimensional Voice Program Advanced e Real Time
Spectrogram (Kay Pentax®). Juízas fonoaudiólogas realizaram a análise das
espectrografias, com protocolo específico, e análise perceptivoauditiva com a escala
RASATI. Estatística com testes de Mann-Whitney, Igualdade de Duas Proporções e
Correlação de Spearman (significância 5%). Resultados: Após FK, houve redução das
medidas acústicas frequência fundamental (f0) máxima, quociente de perturbação do pitch
suavizado, shimmer percentual, quociente de perturbação da amplitude e número de
quebras vocais; redução do ruído nas altas frequências, do número de harmônicos nas
baixas e médias frequências, da substituição de harmônicos por ruído nas baixas e médias
frequências e piora na definição do quarto formante; redução da soprosidade e instabilidade
na RASATI; aumento do NPS; melhora na autoavaliação de voz. Correlação positiva entre
soprosidade e rouquidão e medidas de shimmer; soprosidade e medidas de ruído,
instabilidade e f0 máxima, entre autoavaliação vocal, NPS e definição do primeiro formante,
dos harmônicos e intensidade do traçado nas baixas e médias frequências. Correlação
negativa entre tensão e medidas de shimmer e ruído, instabilidade e sub-harmônicos,
rouquidão e f0. Comparados os GE, a maioria das medidas vocais foi estatisticamente
melhor no GE1. Conclusão: Após o FK, as professoras disfônicas apresentaram redução
do ruído, aumento da energia harmônica, redução da soprosidade e instabilidade e de
medidas de jitter, shimmer, f0 máxima e número de quebras vocais, que evidenciaram
melhora da qualidade vocal com diminuição de energia aperiódica e de instabilidade à
fonação, e aumento do NPS, bem como autoavaliação de voz melhor. As professoras sem
AL apresentaram maior impacto positivo sobre a voz após o FK. Houve correlações entre
medidas perceptivoauditivas e acústicas e entre medidas acústicas, NPS e autoavaliação
vocal, sendo a avaliação multidimensional útil para demonstrar os benefícios da técnica FK.