Efeitos do treinamento no perfil oxidativo-inflamatório de mulheres com síndrome metabólica
Resumo
As modificações nos padrões nutricionais somados ao sedentarismo estão relacionados
com o aumento da obesidade e o surgimento da síndrome metabólica (SM). A obesidade
estabelece relação de causa com diversas doenças, incluindo resistência insulínica, doenças
cardiovasculares, diabetes tipo II e um estado inflamatório sistêmico comum a estas doenças.
A SM está intimamente associada a inflamação crônica de baixo grau e ao estresse oxidativo.
Mulheres na pós menopausa estão mais susceptíveis ao quadro de estresse oxidativo. A maior
prevalência de SM é entre mulheres e o risco da SM aumenta em 60% na pós menopausa.
Apesar da prática regular de exercícios físicos ser indicada como uma das melhores
intervenções não farmacológicas para a prevenção e o tratamento da SM, poucos estudos
analisaram os efeitos do treinamento aeróbio intervalado de alta intensidade (HIIT- high intesity
interval training) isolado sobre parâmetros oxidativos, inflamatórios, antropométricos,
funcionais de mulheres na pós menopausa com SM. Concomitantemente não encontra-se na
literatura efeitos de um período de destreino nesta mesma população. A intervenção foi
composta por três sessões semanais de um protocolo de HIIT em esteiras, sendo que a
intensidade prescrita do treinamento foi individualizada e controlada através de monitores
cardíacos. O treinamento foi composto de doze semanas e duas semanas de destreino e se
mostrou efetivo na estimativa do consumo máximo de oxigênio após o treinamento, porém
após as duas semanas de destreino observou-se uma redução significativa. O após o protocolo
de treinamento os níveis de nitritos e nitratos (NOx) aumentaram e se mantiveram no período
de destreino, assim como os produtos avançados de oxidação de proteínas (AOPP - advanced
oxidation protein products). Após as doze semanas de HIIT não foi constatada redução
ponderal, apesar de encontrarmos melhoras significativas no perfil inflamatório. Os níveis de
interleucina-1 beta (IL-1β), interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α),
interferon-gama (INF-γ), apresentaram significativa redução após esse período, bem como
retornaram a níveis significativos depois de duas semanas de destreino. O HIIT também se
mostrou efetivo no aumento dos níveis da interleucina-10 (IL-10), e posterior a estas duas
semanas reverteram parcialmente esse benefício. Assim, conclui-se que este protocolo HIIT
não foi suficiente para reduzir o estresse oxidativo, porém os benefícios sobre o perfil
inflamatório dessa população oportunizados pela prática regular de exercícios aeróbios de alta
intensidade são independentes da perda ponderal.