Convívio da família diante da diálise peritoneal no domicílio: implicações para o cuidado de enfermagem
Resumo
As famílias estão inseridas em um contexto de transformações nas concepções, conceitos e
estrutura, em consequência das alterações econômicas, políticas, sociais e culturais verificadas
na sociedade, podendo refletir nos padrões de saúde e doenças das pessoas. Neste estudo,
objetivou-se compreender como a família convive diante da necessidade de um de seus
membros realizar diálise peritoneal no domicílio. Estudo de campo com abordagem
qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. Os sujeitos da pesquisa foram sete famílias
que tinham um de seus membros em diálise peritoneal, residentes no município de Santa
Maria, Rio Grande do Sul, totalizando-se 15 sujeitos. O local de captação dos sujeitos foi a
Clínica Renal de Santa Maria. A coleta de dados foi realizada por meio da construção de
genograma familiar e de entrevistas com as famílias, nas suas residências, no período de
março a maio de 2012. Os dados foram submetidos à análise temática. Respeitou-se os
princípios éticos da Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério de
Saúde para pesquisas envolvendo seres humanos. Os resultados oriundos da análise são
descritos e discutidos em três artigos. A investigação da dinâmica das famílias levantou
questões como: a realização da técnica de diálise pelos familiares e seus desafios; a presença
ou a ausência de cooperação entre os membros da família diante da situação de doença
crônica; a dependência do familiar doente; e, as alterações de ordem social e emocional diante
desta realidade. As repercussões na família relacionam-se: a família altera sua rotina para
atender as exigências do tratamento; o comprometimento das atividades de lazer da família; a
necessidade da família permanecer próxima do familiar doente; e, a necessidade da família de
ajustar-se às limitações e restrições do familiar doente. As estratégias encontradas pelas
famílias foram: conciliar os horários do tratamento com a realização de outras atividades;
adquirir conhecimento e desenvolver habilidades para realizar a diálise peritoneal no
domicílio; adequar o ambiente físico no domicílio; e, adaptar o cotidiano da família diante da
doença e tratamento de seu familiar. Acredita-se que os resultados da pesquisa possam
contribuir para melhorar a qualidade da assistência prestada aos pacientes e suas famílias que
convivem com a diálise peritoneal no domicílio. Conclui-se que nas famílias ocorrem diversas
alterações de ordem social, financeira, profissional, nas atividades de lazer, mas estas
conseguem se ajustar para viabilizar o tratamento e preservar suas relações familiares. Assim,
conhecer as particularidades de cada família possibilita ao enfermeiro atuar mais próximo às
necessidades individuais diante de um tratamento que demanda grande envolvimento familiar
de modo a dispensar um cuidado singular e integral, por meio do diálogo, que auxilie a
superar as dificuldades e compreender as expectativas.