Representações sociais sobre a morte para docentes enfermeiros e suas influências no ensino
Resumo
Alguns estudos afirmam que trabalhar conteúdos sobre a morte na academia é um desafio aos docentes, considerando, que eles, com frequência, não receberam formação necessária para abordar tal assunto em sala de aula ou ainda sentem-se apreensivos. O problema norteador desta investigação é: quais as representações sociais da morte para docentes enfermeiros, que influenciam no ensino de atividades teórico-práticas do Curso de Graduação? Portanto, esta pesquisa teve como objetivo geral: compreender as representações sociais sobre a morte para docentes enfermeiros que influenciam no ensino de atividades teórico-práticas do Curso de Graduação em Enfermagem. Como objetivos específicos: apreender como os docentes enfermeiros representam a morte; descrever como estes docentes (re) pensam a sua formação/qualificação para experienciar a morte em seu cotidiano profissional e vivenciar o ensino do cuidado diante dessas situações; conhecer quais estratégias os docentes relatam ser utilizadas nas disciplinas curriculares da graduação, para o ensino da morte e analisar as relações que os docentes fazem entre seu (des) preparo e a influência da mesma em sua prática de ensino. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais. Os sujeitos da pesquisa compreenderam 14 docentes enfermeiras efetivos, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, no campus de Camobi/ Santa Maria, sendo a coleta de dados por meio da amostragem por saturação de dados. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada após aprovação do Comitê de ética em Pesquisa da Universidade com nº 00526612.3.0000.5346. A análise dos dados foi embasada na Análise de Conteúdo de Bardin. As docentes objetificaram a morte como: processo, passagem e etapa natural da existência, ancorando em algo de difícil abordagem (Morte Negada). Outras objetificam como: natural, tranquilo, lugar ideal e possibilidade de uma nova vida, ancorando na ideia de pouco sofrimento (Morte Apropriada). Os sentimentos suscitados foram: tristeza, perda, impotência e saudade. Sobre a pertinência em ensinar sobre a morte está: a construção da identidade profissional do discente, na criação de espaços coletivos de discussão, pela inexperiência e imaturidade discente e pela complexidade de cada área de ensino. Algumas docentes afirmam não abordar esse conteúdo em aulas teórico-práticas, outros apenas quando emerge e outros abordam sempre, porém não avaliam o ensino e aprendizado ou fazem assistemática e subjetivamente. Dentre as limitações no ensino estão: o vínculo com paciente e família, a morte na infância e juventude, os sentimentos e valores pessoais e a ausência de disciplinas específicas. Algumas docentes tiveram a abordagem dessa temática na academia, porém outros não. Então, algumas apontam que essa formação auxilia em sua prática docente e outros destacam que não fez diferença. Conclui-se que, as representações sociais da morte como: negada ou apropriada influenciam na forma como as docentes abordam a temática morte no ensino de Graduação em Enfermagem, pois suscita sentimentos e valores construídos ao longo dos anos, por meio de crenças ou vivências pessoais e profissionais.