Uma situação de desastre, um colegiado gestor e os desafios para garantir o cuidado longitudinal em saúde
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Data
2014-03-17Autor
Reinheimer, Isabel Cristina
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Os dispositivos de cogestão são caracterizados por um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo. Nesta perspectiva, os colegiados de gestão incluem gestores, trabalhadores, usuários e comunidade para discutir e deliberar sobre questões relevantes à gestão em saúde. Esta situação assume um papel importante em situações de desastres, definidos como um momento de ruptura no funcionamento normal de um sistema ou comunidade, provocando forte impacto sobre as pessoas, seus trabalhos e ambientes sociais. Em situações desta magnitude, torna-se imperativo instituir estratégias para garantir o cuidado longitudinal em saúde. A partir desta necessidade, é preciso compreender as relações que se estabelecem neste contexto, sendo esta a principal justificativa deste estudo. Desta forma, o seu objetivo foi problematizar os desafios da continuidade do cuidado longitudinal numa situação de desastre na perspectiva de um colegiado gestor que vivencia este processo. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de caráter qualitativo. O estudo utilizou entrevista individual semiestruturada e observação participante para coleta de dados que foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo. Foram atendidos os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a ética em pesquisa com seres humanos. Os desafios encontrados por um colegiado gestor para garantir o cuidado longitudinal numa situação de desastre possuem muitos aspectos comuns e outros diferenciados daqueles presentes no cotidiano das instituições públicas de saúde. Contudo, neste contexto destaca-se a necessidade de estruturar um trabalho inédito relacionado tanto a continuidade e monitoramento quanto a inexistência de estudos e protocolos para assistência às vítimas deste tipo de desastre. Desta forma, o trabalho desenvolvido por um colegiado gestor mostrou-se um processo inovador dado às circunstâncias deste desastre, complexo na plenitude do seu objetivo, tenso pelos seus atravessamentos, desafiador na superação dos seus obstáculos e intenso pelo comprometimento e sentimentos vivenciados no grupo. O enfrentamento destas situações de forma coletiva demonstrou requerer esforço, confiança, sinceridade e respeito, mas, sobretudo, relações de afeto que, por si só, foram capazes de atenuar as dificuldades.