Influência dos níveis de água na dinâmica de macrófitas aquáticas emergentes do banhado do Taim
Resumo
O presente trabalho avaliou, por meio de técnicas de Sensoriamento Remoto e geoprocessamento, a influência das condições hidrológicas na dinâmica de macrófitas aquáticas emergentes no Banhado do Taim (BT), importante área úmida do Rio Grande do Sul. O BT ocupa cerca de 53% da área total da Estação Ecológica do Taim, uma Unidade de Conservação Federal, que tem seus usos compartilhados, principalmente entre conservação da biodiversidade e irrigação. A irrigação é uma importante atividade econômica para a região, no entanto, altera o regime hidrológico do BT, característica fundamental para a manutenção da biodiversidade local. Assim, o entendimento de como o regime hidrológico impacta a biodiversidade do BT constitui-se em uma importante ferramenta para o gerenciamento dos recursos hídricos da região. Neste contexto, foram selecionadas três espécies de macrófitas aquáticas emergentes (MAE), Z. bonariensis, S. californicus e S. giganteus, consideradas indicadores biológicos do BT. Para avaliar como os níveis de água impactam as três MAE, foram realizadas análises da relação entre condição hidrológica, mapas de ocorrência da vegetação, índice por diferença normalizada (NDVI) e índice de adequabilidade de habitat (IAH). Para a identificação das áreas de ocorrência e determinação do NDVI das MAE, foram utilizadas imagens Landsat dos sensores TM e ETM, compreendidas entre os anos de 1984 e 2003, enquanto o IAH e o regime hidrológico foram obtidos a partir de estudos prévios (Tassi, 2008; Xavier, 2015). A metodologia empregada mostrou que as MAE Z. bonariensis, S. californicus são mais sensíveis a níveis d água maiores (representativos de condições de cheia); nesta situação, foram identificadas reduções nas áreas de ocorrência destas espécies. Para níveis de água menores (condições de seca), houve um aumento nas áreas de ocorrência das três espécies. O NDVI se mostrou um índice eficaz no entendimento da resposta das MAE às condições hidrológicas, mesmo apresentando muita dificuldade na diferenciação de vegetação e água sob condições de cheia. De modo geral, foram encontrados bons coeficientes de determinação entre o NDVI e o IAH médio de três meses (mês da imagem + dois meses anteriores à data da imagem), e entre o NDVI e a condição hidrológica (nível d água) de dois meses anteriores à data da imagem. Esses resultados são indícios de que os efeitos das condições hidrológicas sobre as MAE estudadas não são prontamente detectados, e que ações antrópicas podem produzir efeitos a longo prazo.