Influência da temperatura sobre o processo de decomposição dos esgotos domésticos em lagoas facultativas
Resumo
O incremento da taxa de urbanização gerando cargas poluidoras pontuais cada vez maiores aliado aos poucos investimentos na área de saneamento constitui um dos principais problemas de saúde pública no país. Um dos desafios da área de saneamento é aperfeiçoar sistemas de tratamento que sejam eficientes e de baixos custos operacionais e de implantação. Este trabalho avaliou a influência da temperatura na decomposição de esgotos domésticos em um sistema de lagoas facultativas tendo
como objetivo o aprimoramento dos métodos de dimensionamento deste tipo de lagoa de estabilização. Foram utilizados dados de vinte anos de monitoramento da estação de tratamentos de esgotos do município de Rosário do Sul RS, um dos mais antigos sistemas de lagoas de estabilização implantados no Brasil, que é operada pela CORSAN. Nos boletins de monitoramento constam parâmetros de temperatura do ar, temperatura do esgoto, pH, oxigênio dissolvido, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos, sulfetos, e demanda bioquímica de oxigênio. Como resultados,
foram estabelecidas correlações entre a temperatura do ar e a temperatura do esgoto para três pontos do sistema: entrada do sistema; efluente lagoa primária; efluente lagoa secundária. Constatouse que os parâmetros de OD, pH e sulfetos, aumentaram significativamente com o aumento da
temperatura. A eficiência de remoção de sólidos suspensos aumentou com a elevação da temperatura do ar, porém não se verificou aumento ou diminuição da remoção de sólidos
sedimentáveis e DBO em função da temperatura. Também foi possível estabelecer equações Ls = f(T), que relacionam a máxima carga orgânica superficial que pode ser aplicada a uma lagoa facultativa em relação à temperatura do ar. Estas equações foram as primeiras definidas em função de dados coletados no Rio Grande do Sul.