Influência da ação do tráfego no custo de construção e restauração de pavimentos asfálticos
Resumo
Sabe-se que o tráfego no Brasil tem aumentado de forma significativa nos últimos anos devido à alta dependência do modo rodoviário. Além disso, os veículos comerciais surgem no mercado com novas configurações, com mais eixos e com maior capacidade de carga, em função também da legislação, que atualmente tolera sobrecarga por eixo de 10%, quando o veículo está dentro dos 5% de limite para o peso bruto total (PBT). Como consequência disso, tem-se um aumento considerável na degradação de nossa malha rodoviária. Neste âmbito, o presente estudo tem por objetivo avaliar efeitos provocados pela ação do tráfego no custo de pavimentos flexíveis, focando em aspectos relacionados a taxa de crescimento e excesso de carga. Assim, a projeção do volume de tráfego durante um dado período de tempo deverá exprimir os índices de crescimento atual da movimentação de cargas, portanto, dos veículos comerciais; procurou-se analisar, também, se tais índices se correlacionam com o PIB e com a venda de caminhões do país. Em outra etapa foi proposto um estudo de caso selecionando uma das praças do estudo para realizar o dimensionamento do pavimento pelo método do DNIT e por métodos empírico-mecanísticos a fim de analisar a influência da sobrecarga em veículos comerciais no dimensionamento e no custo da construção do pavimento. Para o mesmo estudo de caso foi realizado o dimensionamento e cálculo do custo de restauração do pavimento. Dessa forma, com este estudo, concluiu-se que a taxa de crescimento de tráfego real das regiões estudadas estão consideravelmente acima da proposta pelo DNIT, que é de 3,00%. A taxa de crescimento média global do estudo foi de 7,16%. A correlação entre a taxa de crescimento com o PIB e com a venda de caminhões foi fraca. A influência da sobrecarga no número N foi na ordem de 23,11% se comparados os cenários de menor para o maior carregamento. Quanto ao método do DNIT para diferentes valores de CBR de subleito (4%, 10% e 16%) a espessura de revestimento foi a mesma para todos os carregamentos, atingindo o limite superior do método em 12,5cm. Pela análise empírico-mecanística, a que se mostrou mais conservadora foi a comparação dos métodos FHWA x Asphalt Institute, com maiores valores de espessura de revestimento (até 16 cm) em função da fadiga e deformação permanente, apresentando também um maior custo de execução, o qual aumenta quanto maior a sobrecarga em veículos comerciais, sendo a diferença máxima de custo em função do carregamento na ordem de R$ 158.231,00 (6,18%) por quilômetro de pavimento. Quanto às restaurações, foi possível perceber que o aumento da porcentagem de veículos comerciais e sobrecarga nestes veículos ocasiona diminuição da deflexão admissível e, como consequência, um aumento na espessura de reforço. Verificou-se a necessidade de reforço em todos os cenários de carregamento para todas as deflexões características estudadas. Os maiores valores de espessura de reforço foram para Dc igual a 125 (10−2mm) com 19 cm. A diferença no custo em função do carregamento foi da ordem de R$ 51.450,00 (4,95%) por quilômetro de pavimento. A pesquisa permitiu obter parâmetros reais para posteriores intervenções nas rodovias existentes bem como para subsidiar novos projetos de engenharia rodoviária.