Regeneração natural em floresta estacional decidual aluvial: fisionomia, espécies potenciais para restauração ecológica e variáveis ambientais
Resumo
O presente estudo foi realizado em uma área de Floresta Estacional Decidual Aluvial, que foi abandonada e isolada, no Parque Estadual Colônia localizado em Agudo, Rio Grande do Sul. O objetivo principal foi analisar a fisionomia e influência de variáveis ambientais, a fim de avaliar a dinâmica na floresta ao longo de um ano (2011 a 2012) e detecção de espécies potenciais à restauração ecológica. Esta dissertação foi dividida em dois estudos, com objetivos específicos de caracterizar a floresta quanto a composição florística, ecologia, estrutura, dinâmica e formação de agrupamentos (Estudo 1), além da caracterização de variáveis morfológicas, químicas e físicas do solo, e a relação destas com a distribuição da vegetação (Estudo 2). Para tanto, foram alocadas 19 unidades amostrais, com dimensões de 10 m x 10 m, nas quais foi amostrada a vegetação em quatro classes de inclusão (Regeneração1 = DAS ≤ 1cm; Regeneração2 = 1 cm ≥ CAP ≤ 5 cm; Arbóreo1 = 5,1 cm ≥ CAP ≤ 14,9 cm; Arbóreo2 = CAP ≥ 15 cm), onde também foi realizada a caracterização das variáveis ambientais. Na composição florística, foram encontradas 63 espécies pertencentes a 27 famílias e dispersão de sementes, em sua maioria, do tipo zoocórica. A maior diversidade foi verificada nas menores classes de inclusão (R1 e R2), bem como o maior número de indivíduos e expressiva ocupação por espécies exóticas. Ocorreram mudanças na comunidade ao longo do ano, com evidências do processo de substituição de espécies, especialmente das asteráceas e Escallonia bifida. A taxa de mortalidade (9,5%) foi superior ao ingresso (6,3%). A análise de agrupamento revelou as espécies Sebastiania commersoniana, Eugenia uniflora, Myrsine umbellata e asteráceas como indicadoras da regeneração natural e Escallonia bifida, Jacaranda micrantha e Eugenia uniflora como indicadoras do estrato arbóreo. Junto com Casearia sylvestris, Allophyllus edulis, Prunus myrtifolia e Matayba elaeagnoides, tais espécies também foram expressivas na análise fitossociológica, caracterizando a ocupação e sucessão florestal na área. A caracterização dos solos da área amostral resultou na classificação de duas classes, sendo elas o Neossolo Flúvico e Planossolo Háplico Eutrófico arênico. O solo apresentou elevada fertilidade e características físicas condizentes com o uso agrícola pretérito do local. Utilizando uma pré Análise de Componentes Principais, as espécies e variáveis mais significativas foram relacionadas, por meio da Análise de Correspondência Canônica, onde foi possível observar que as espécies distribuem-se em função da variação química considerando preferencialmente o fósforo, pH, cálcio, alumínio, saturação por bases, CTC e da resistência do solo à penetração.