Um estudo a partir dos saberes e fazeres alimentares de agricultores familiares
Fecha
2009-05-11Metadatos
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Esta dissertação pretendeu investigar os saberes e os fazeres envolvidos na alimentação de agricultores familiares do município de Jaboticaba/RS, a partir de fenômenos alimentares
descritos na história da alimentação e da narrativa destes moradores locais. Nesse sentido, o trabalho pensa sobre as relações alimentares que os sujeitos possuem com o seu
ambiente e entre si, levando em conta que as práticas são realizadas conforme apropriações do espaço agroecológico em que os grupos vivem. Para tanto, houve interação direta com essas pessoas, realizando-se entrevistas, observações das práticas alimentares e análise das narrativas sobre a memória das atividades alimentares desenvolvidas pelo grupo de agricultores. Desse modo, partindo da história da alimentação, investigou-se as relações dos diferentes grupos humanos com a comida, apresentando uma descrição analítica dos movimentos realizados pelos sujeitos no sistema alimentar, bem como uma análise das relações estabelecidas entre espaço-sujeito-alimento. Assim, verificou-se que a
orientação quanto a preferir consumir determinados alimentos - para o grupo familiar de agricultores e também para o indivíduo particularmente - é realizada conforme um conjunto de vivências situadas ao longo da trajetória social do grupo e também por meio das representações e significações atribuídas à comida. Desse modo, a partir da memória do tempo antigo e das percepções sobre os saberes e os fazeres alimentares do sistema alimentar local, observou-se: a) diferenciações e tipificações quanto ao trabalho empregado nas atividades relacionadas a alimentação; b) distinções quanto ao significado que a comida
possui para os diferentes grupos, diferentes ocasiões sociais e finalidades no uso dela; c) transformações no comer - com redução da presença do alimento cultivado para o consumo
interno do grupo familiar, decorrido em grande medida pela inserção de produtos comprados em mercados. Tais fenômenos revelaram um processo de erosão cultural alimentar, pois influenciaram na transformação das práticas e saberes alimentares das famílias agricultoras. Logo, o processo de significação e ressignificação dos saberes e fazeres alimentares ficou evidente nos modos de relação do agricultor com seu espaço, com elementos ligados à
transmissão dos saberes tradicionais de apropriação e preparação da comida e, por fim, com um processo de segurança alimentar e nutricional para os sujeitos e coletividades locais. Diante disso, os saberes e os fazeres expressam a história coletiva e individual dos sujeitos, comunicando os modos de vida local.