Atividade anestésica em robalos-peva (Centropomus parallelus) e caracterização química do óleo essencial das folhas de nectandra megapotamica (Spreng.) Mez (Lauraceae)
Resumo
A crescente expansão da aquicultura, o estresse imposto aos animais nos sistemas de cultivo e os efeitos adversos causados pelos anestésicos de uso convencional têm levado ao incentivo da pesquisa por anestésicos de origem natural, eficazes e mais seguros, com menos efeitos colaterais e menores efeitos residuais. Neste contexto, esta dissertação objetivou a avaliação do potencial anestésico do óleo essencial (OE) das folhas de Nectandra megapotamica em robalos-peva (Centropomus parallelus) e sua caracterização química. Para a extração do OE, as folhas foram classificadas em jovens (OE-J) e velhas (OE-V) e a análise de sua composição química foi realizada por CG/EM. Os constituintes majoritários foram: biciclogermacreno (46.5/34.6%), α-pineno (26.8/26.2%), β-pineno (7.9/12.3%) e germacreno D (9.6/9.1%). O potencial anestésico do OE foi avaliado através dos tempos de indução e recuperação da anestesia e as respostas bioquímicas geradas pelo manuseio e transporte dos peixes. No primeiro experimento, quatro concentrações de cada OE foram testadas em robalos-peva aclimatados a duas salinidades (0 e 33 ) para avaliar os tempos de indução e recuperação da anestesia. No segundo experimento, duas concentrações do OE-V foram testadas em robalos-peva aclimatados às duas salinidades para avaliar os parâmetros bioquímicos relacionados ao estresse (níveis plasmáticos de glicose, lactato, Na+ e K+) causado pelo manuseio. No terceiro experimento, os peixes foram transportados em sacos plásticos nos dois tipos de água e com duas concentrações do OE-V, com a finalidade de avaliar a qualidade da água e a mortalidade pós-transporte. Ambos OEs produziram sedação leve na concentração de 30 μL L-1 e anestesia profunda com 150 μL L-1. O OE-V não foi eficaz em evitar o estresse do manuseio, pois os elevados níveis plasmáticos de glicose e lactato observados nos controles também foram detectados nos grupos tratados. Os tratamentos não modificaram significativamente os níveis séricos de Na+ e K+ nos peixes em ambas as salinidades. Durante o experimento de transporte, o uso do OE-V não preveniu a deterioração da qualidade da água nem a mortalidade pós-transporte. Ao contrário, o grupo transportado com a concentração mais elevada do OE-V em água salgada apresentou uma mortalidade significativamente maior em relação aos demais grupos. Concluindo, o OE de N. megapotamica mostrou-se eficiente para indução de sedação e anestesia em robalos-peva nas concentrações testadas, mas não foi eficaz em prevenir o estresse gerado pelo manuseio e transporte nessa espécie.