Espaço e tempo nas Minas do Camaquã em Caçapava do Sul/RS
Resumo
Atualmente, vive-se uma realidade onde a questão econômica possui grande importância.
Diante disto, o espaço geográfico, produto das transformações sócio-econômicas ao longo do
tempo, pode servir de importante foco de pesquisa no que confere a tais tendências. Neste
contexto, apresenta-se as Minas do Camaquã, no município de Caçapava do Sul, no Rio
Grande do Sul, um conjunto de vilas operárias formadas ao longo de 130 anos de exploração
de cobre, como objeto de estudo, cujo objetivo se é a tentativa do entendimento das
transformações espaciais ao longo do processo de extração de cobre verificando-se ainda as
tendências futuras para este espaço. A metodologia de pesquisa parte de uma visão dialética,
onde inicialmente realizou-se o levantamento da história do local a fim de se estudar as
diferentes conformações espaciais ao longo da produção de cobre. Posteriormente, buscou-se
através de entrevistas qualificadas e aplicação de questionários o entendimento da dinâmica
espacial durante e após o término da atividade de mineração, verificando-se ainda as
prováveis tendências espaciais para os próximos anos. A partir de 1942, a Companhia
Brasileira do cobre - CBC passou a extrair cobre nesta região. Deste momento em diante, a
paisagem local passaria a comportar uma estrutura urbana formada por uma área industrial e
um conjunto de sete vilas além de clubes, praças, hospitais entre outros. Após 50 anos, a
profundidade das reservas de cobre, aliada aos baixos preços do minério e a política brasileira
de privatizações, foram os motivos que levaram o encerramento das atividades no ano de
1996. Deste momento em diante, toda a estrutura dos tempos de mineração foi abandonada.
De aproximadamente 5000 moradores, restaram cerca de 400. Vilas inteiras foram
desativadas. Prédios foram demolidos. Após 12 anos do término das atividades, pode-se
verificar que existem algumas idéias sendo trabalhadas, porém ainda muito longe de sanar as
necessidades da localidade. Sucessivos governos municipais e seu descaso com o local fazem
hoje das Minas do Camaquã, um espaço pós-industrial cujas especificidades guardam
semelhanças a muitas áreas degradadas, como cidades ferroviárias desativadas e antigas bases
militares, no que confere à posição desprivilegiada dentro do processo produtivo. A volta da
mineração diante dos atuais estudos da geologia da região e a atividade turística devido as
belas paisagens desta região, surgem como possibilidades de dinamizar a economia local.