O campo termo-higrométrico intra-urbano e a formação de ilhas de calor e de frescor urbanas em Santa Maria/RS
Resumo
A urbanização e as transformações impostas pela ação do homem desequilibram o complexo sistema natural, modificando os elementos e as características do clima na escala local. Considerando a influência da urbanização como fato derivador do clima local e responsável pela geração de um clima
especificamente urbano, este trabalho, teve por objetivo analisar o campo termohigrométrico, bem como a formação de ilhas de calor e de frescor urbanas em Santa Maria/RS, relacionando-as as variáveis geourbanas e geoecológicas existentes na área de estudo. Para isso utilizou-se a metodologia dos transectos, que consiste em coletas móveis em pontos pré-estabelecidos. Foi estabelecido dois transectos para a coleta dos dados de temperatura e umidade relativa do ar: um no sentido norte/noroeste-sul/sudeste (NNW-SSE), ligando a rua Sete de Setembro, no bairro
Perpétuo Socorro, ao final da avenida Fernando Ferrari no bairro Nossa Senhora de Lourdes e o outro no sentido leste/nordeste-oeste/sudoeste (ENE-WSW), ligando a
rua Major Duarte ao começo da rua Venâncio Aires próximo, ao Arroio Cadena. Os dados foram coletados nos dias 14 de agosto de 2008 e 06 de janeiro de 2009, sob domínio das condições atmosféricas pela Massa Polar Atlântica no inverno e pela Massa Polar Velha ou modificada no verão, respectivamente. As coletas foram realizadas em cinco horários diferentes (9h, 12h, 15h, 18h e 21h), com o intuito de
verificar as respostas térmicas e de umidade dos pontos pré-estabelecidos e distribuídos ao longo dos transectos, num total de 13 pontos ao longo do transecto 1 (NNW-SSE) e de 15 no transecto 2 (ENE-WSW). De posse dos dados de
temperatura e umidade do ar, foram confeccionados os cartogramas do campo termo-higrométrico. Para tal foi utilizado o aplicativo Surfer for Windows 8.0. Na
elaboração dos cartogramas do campo térmico foram estabelecidas escalas de cores para os valores de temperatura, onde as cores frias foram associadas a
temperaturas mais baixas e as cores quentes a temperaturas mais altas. Nos cartogramas do campo higrométrico os valores de umidade foram representados utilizando uma variação da cor azul. Assim, o azul mais claro foi utilizado para
representar os valores de umidade mais baixos e, a cor azul escura, para os valores mais altos. Como resultados destaca-se que os campos térmico e higrométrico da área de abrangência dos transectos, tanto no dia de coleta sob domínio da Massa Polar Atlântica, no inverno, quanto no domínio da Massa Polar Velha ou modificada, no verão, estão condicionados ao movimento aparente diário do sol e a exposição das vertentes à radiação solar. Ao analisar o campo térmico do dia 06 de janeiro de 2009, nos cinco horários de coleta, percebe-se o movimento migratório das ilhas de
calor da vertente leste, para as vertentes voltadas para o quadrante norte e oeste. As condições de tempo ocorridas no dia 06 de janeiro de 2009 (verão), com céu limpo, ventos calmos a leve e com forte incidência de radiação solar na superfície, favoreceram a formação de ilhas de calor e de frescor de magnitude media, forte e muito forte, bem como o contraste térmico entre o centro e a periferia da área de
estudo.