Inter-ações para o desenvolvimento local: um estudo na comunidade Estação dos Ventos - Santa Maria, RS
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2013-06-21Metadatos
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O trabalho foca a ocupação Comunidade Estação dos Ventos como espaço-cidadão no contexto do município de Santa Maria, região central do RS, na perspectiva do pensamento socioambiental complexo. O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre as ações planejadas pelos moradores da ocupação e as ações promovidas pelo poder público na direção da resolução dos problemas socioambientais locais visando o desenvolvimento sustentável em escala local. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, optando-se pelo estudo de caso. Partido de uma investigação exploratória, com os moradores da comunidade, representante do poder público e educador, mediante entrevistas e observações diretas, foi escolhida a comunidade por ser uma realidade diferencial no contexto do município, além de ter sido objeto de estudo de pesquisas e trabalhos anteriores. O levantamento de dados, na comunidade, deu-se por observações diretas em trabalhos de campo realizados no lugar, além de outras técnicas: entrevistas semi-estruturadas com os distintos atores sociais (identificação dos principais problemas socioambientais na comunidade; levantamento das intenções que levaram a pensar e definir ações para o desenvolvimento local; e verificação das condições de vida, a identidade, o sentido de pertencimento e reconhecimento dos sujeitos comunitários); e análise de documentos as atas das reuniões da Associação Comunitária dos Moradores do Loteamento Estação dos Ventos, o Estatuto Social da mesma, pedidos de ligações de água, abaixo-assinados, o Estudo de Impacto de Vizinhança e mapas. O tratamento dos dados embasou-se no método de análise de conteúdos temáticos, procurando significados no discurso dos sujeitos, quanto à questão da interrelação entre as diferentes ações para o desenvolvimento local. Os resultados revelaram que a comunidade possui problemas socioambientais como inúmeras outras áreas do município, mas que esta se auto-eco-organiza para lutar e promover movimentos na direção da conquista de seus direitos cidadãos, buscando a qualificação da vida que deveria ser proporcionada e ofertada pelo poder público local. As observações em campo mostraram obras já iniciadas para a resolução de alguns problemas que acabaram se tornando novos problemas, e que com a chegada das eleições foram interrompidas e esquecidas, gerando nova mobilização e organização popular dos moradores para lutar pela retomada das mesmas. Esse encaminhamento socioespacial revela a despreocupação e o descaso do poder público pelas questões locais, promovendo ações na direção de uma pseudoconcreticidade e da manutenção da condição de oprimidos em um espaço excludente. Tais constatações evidenciam a necessidade de um compromisso ético-político dos representantes do poder público pela dignificação da vida na comunidade, incluindo a resolução dos problemas socioambientais locais; nesse sentido, importa rever as formas de articulação de saberes entre comunidade e poder público ao planejar ou realizar ações eficazes e comprometidas com a realidade local, criando oportunidades de diálogo e discussões para construir um saber coletivo complexo.