Avaliação da vulnerabilidade em áreas de risco: um estudo de caso da vila Schirmer, Santa Maria, RS.
Resumo
Os Planos Municipais de Redução de Risco contemplam uma série de diretrizes técnicas e gerenciais que permitem aos Poderes Públicos Municipais a redução de risco de desastre. A metodologia de avaliação da vulnerabilidade nestes instrumentos considera somente variáveis sóciourbanísticas, porém, sabe-se que o entendimento das variáveis Sócioestruturais e Culturais são fundamentais para consolidar e organizar grupos visando planejar estratégias de resiliência mais duradouras. Esta pesquisa tem como objetivo: avaliar a vulnerabilidade nas áreas de risco da Vila Schirmer, município de Santa Maria/ RS, considerando as componentes sóciourbanísticas, sócioestruturais e sócio culturais. Os procedimentos metodológicos envolveram revisão bibliográfica, trabalhos de campo para atualização do zoneamento de risco e aplicação de questionários semiestruturados nas moradias de risco e no setor de comparação, fora dele. Em 2006, havia 26 moradias em risco de inundação ou deslizamentos na vila, atualmente foram identificadas 21 novas moradias o que significa um aumento de 91%. As Componentes Sóciourbanísticas mostraram que nos setores de risco o padrão construtivo das moradias é mais baixo que no de comparação, as ruas são de terra, há lixo nos pátios das casas e ruas e esgoto a céu aberto, configurando uma infraestrutura urbana mais precária. As Componentes Sócioestruturais mostram que nos setores de risco as famílias são mais numerosas, com baixa escolaridade, muitas vezes com empregos informais, onde a renda mensal é também muito baixa. Já as Componentes Socioculturais mostraram que a população de risco tem uma rede de sociabilidade fraca e como consequência tem pouco apoio de seus pares, e pouca participação nos processos decisórios em relação às comunidades de risco. O que se percebeu neste estudo foi o distanciamento entre a visão estatal, baseada exclusivamente nos aspectos técnicos dos desastres e as experiências vividas, sócioculturais dos moradores de áreas de risco. Para que efetivamente os mapeamentos de risco sejam colocados em prática é preciso que junto com a técnica seja contemplado o social.