O clima de Santa Cruz do Sul - RS e a percepção climática da população urbana
Resumo
Neste estudo buscou-se avaliar qualitativamente, o grau de percepção climática dos indivíduos que vivem no meio urbano de Santa Cruz do Sul RS, colaborando, assim, com o
desenvolvimento dos estudos de percepção ambiental. A pesquisa foi dividida em dois momentos: a abordagem climatológica e a abordagem da percepção climática. Na abordagem climatológica foram utilizados dados da Estação Meteorológica da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) de 2004 a 2006 que mostraram-se nas análises serem anos atípicos. Por isso foram coletados dados climáticos das Normais Climatológicas do INMET ( Instituto Nacional de
Meteorologia) e IPAGRO (Instituto de Pesquisas Agropecuárias) para construção de gráficos de frequência de temperatura e precipitação para comparação de respostas locais à circulação atmosférica regional de Santa Cruz do Sul e Santa Maria, a fim de verificar se poderiam ser
utilizados os dados meteorológicos desta última. Comprovada a similaridade climática entre ambos os municípios, foram coletados dados da Estação Meteorológica de Santa Maria de
temperatura e precipitação no período de 36 anos (1970 2005) com os quais realizaram-se análises através de gráficos de frequência e chegou-se ao ano padrão habitual - 1992. Realizou-se então a análise rítmica segundo a proposta por Monteiro (1976), do mês de fevereiro de 2006, mês em que foram realizadas as entrevistas através de formulários entre a população urbana de Santa Cruz do Sul para se investigar a sua percepção climática, segundo abordagem baseada em
Sartori (2000). Identificaram-se nove tipos de tempo em fevereiro de 2006 e obtiveram-se várias respostas perceptivas através das 128 pessoas abordadas pela pesquisadora, que responderam à perguntas de ordem pessoal, sobre o que era tempo e clima, os tipos de tempo que mais e menos gostavam, a gênese do clima e a influência da mídia na previsão oficial do tempo, além de ditados
populares ou observações pessoais para prever chuva, estiagens entre outros fenômenos atmosféricos. Todas as respostas apresentadas pela população provam a grande e incontestável interação homem-natureza, que resulta na percepção e cognição ambiental. Entre outros resultados, os nove tipos de tempo identificados fazem parte dos tempos associados aos sistemas extratropicais e às correntes perturbadas. A população urbana de Santa Cruz do Sul, através da aplicação do formulário de entrevista mostrou, no geral, respostas perceptivas relevantes. Entendem bem o que é tempo ao mesmo tempo em que o confundem com o conceito de clima, revelando pouca compreensão. Muitas das respostas dadas pelos indivíduos são influênciadas pela mídia. Impressionou que a maioria dos entrevistados citou e destacou a importância dos sinais da natureza e reações psicofisiológicas como indicação de chuva e/ou bom tempo/estiagem. Isso se deve pelo fato de boa parte dos indivíduos serem naturais de municípios interioranos,
muitos da área rural, e os que são naturais da cidade se interessam em observar o tempo. Assim, ficou claro e evidenciado a percepção ambiental e climática que se buscou, resgatando o conhecimento popular, muito rico em experiências no espaço vivido.