A conquista do oeste/RBS TV: memória e identidade gaúcha na fronteira oeste brasileira.
Resumo
Este estudo é referente à memória e à identidade gaúcha na fronteira oeste
brasileira a partir da narrativa da série de documentários A Conquista do Oeste
produzida pela RBS TV em 2004. Segundo a proposta da emissora, A Conquista do
Oeste remonta a saga dos gaúchos que perseguiram seus sonhos através de parte
do território brasileiro. Os episódios apresentam as histórias, os desafios e o
sucesso desses migrantes que fundaram cidades ao logo da fronteira do Brasil sem
deixar de cultivar costumes e tradições rio-grandenses. Portanto, a proposta desta
dissertação é analisar como a série de documentários A Conquista do Oeste
contribui para a consolidação de um projeto de memória que reforça a mitificação da
figura do gaúcho na fronteira oeste do país. Os procedimentos metodológicos
consistem na análise fílmica e na estética da repetição e do fragmento, contando
com um corpus de análise que contempla os 13 episódios da série documental. A
análise está dividida em dois momentos: em primeiro lugar, busca-se analisar a
estrutura narrativa da série, verificando-se como são aplicadas as estéticas da
repetição e do fragmento na construção da narrativa como um todo. Após isso, a
ideia é mapear quais são os elementos que vão se repetir a ponto de juntos criarem
uma identidade para a série. Aqui, o que interessa é compreender as implicações do
uso das entrevistas de forma fragmentária para a consolidação mítica da figura do
gaúcho e que contribuem para construção de três ideias-imagem a respeito do
gaúcho migrante: o Conquistador, o Desbravador e o Herói. Como resultados
obtidos, estão as considerações de que na narrativa televisiva os depoimentos dos
personagens sociais que são utilizados servem a uma vontade de memória que
procura se aproveitar das lembranças enquanto matéria-prima de constituição
identitária destes sujeitos compreendidos dentro de um determinado grupo social. A
construção da tríade Conquistador, Desbravador e Herói ocorre devido ao tom
que a emissora desejava afirmar dentro da série: retratar o migrante gaúcho
realçando sua condição de alteridade em oposição à cultura local da região
escolhida para ser seu novo lar.