Os saberes da linguística e o ensino de língua portuguesa, a relação oficial
Abstract
Em busca de respostas sobre a constituição do ensino de Língua Portuguesa, analisamos, em nosso estudo, três documentos oficiais que regulamentaram o currículo dessa disciplina, a saber: Guias Curriculares para o ensino de 1º grau Língua Portuguesa (1975 SP); Proposta Curricular para o ensino de Língua Portuguesa 1º grau (1988 SP); e Lições do Rio Grande (2009 RS). Nosso objetivo principal foi observar como se estabelece a relação entre o ensino de Língua Portuguesa e os saberes da Linguística, em um âmbito oficial. Para isso, construímos nossa interpretação através da leitura minuciosa dos documentos em geral, à procura dos conceitos de língua, de gramática, de ensino de LP, e ora pelo conceito de linguagem. Através de uma visão sócio-histórica, à luz dos pressupostos dialógicos do Círculo de Bakhtin, construímos nossa contrapalavra aos documentos oficiais, entendidos como enunciados historicamente situados, que carregam informações sobre o ensino de LP e mesmo as intenções de seus produtores diante de seus leitores privilegiados, os professores. Tais conceitos puderam nos revelar que a renovação do ensino de LP se constituiu, tanto em 1970, em 1980, quanto nos anos 2000, pela negação das práticas tradicionais, baseadas, principalmente, no ensino da gramática tradicional. Essa oposição se deu, discursivamente, através de diversos recursos, revelando, em todos esses materiais, de um modo ou de outro, que a relação entre a Linguística e o ensino seria a solução para renovar o ensino de LP. Acreditamos que a relação entre os saberes da Linguística e o ensino de LP, demarcadas nos documentos oficiais, como defende Bunzen (2011), constitui uma faceta da história da disciplina LP - aquela em que houve uma emergência em trazer para a sala de aula os estudos da ciência da linguagem.