Uso da imunocastração como alternativa à castração cirúrgica na produção de novilhos para abate
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização da castração imunológica, como alternativa a castração cirúrgica na produção de bovinos de corte. Na pesquisa foram utilizados 48 bovinos machos, da raça Aberdeen Angus, monitorados a partir de idade inicial de seis meses e peso médio incial de 160 kg, por ocasião do desmame. Os animais foram distribuídos aleatoriamente nos seguintes tratamentos: castrados cirurgicamente ao nascer; castrados cirurgicamente a desmama; imunocastrados com três doses da vacina Bopriva® e imunocastrados com quatro doses da vacina Bopriva®. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 12 repetições por tratamento. As médias foram classificadas pelo teste F e comparadas pelo teste de Tukey, com α=0,05. Houve interação entre data de amostragem e tratamento sobre os níveis séricos de testosterona no plasma sanguíneo, todavia na ocasião do abate todos os novilhos mantinham apenas níveis residuais de testosterona, caracterizando-se como castrados. Novilhos imunocastrados com três aplicações de Bopriva® apresentaram maior ganho de peso diário e ganho de peso total, na fase de terminação, que castrados cirurgicamente ao desmame. Entretanto em toda a fase de avaliação o desempenho foi similar entre os tratamentos (P>0,05). Novilhos castrados cirurgicamente ao nascimento apresentaram maior espessura de gordura subcutânea, ajustada para 100 kg de carcaça fria e menor quebra ao resfriamento que castrados imunologicamente com três doses (P<0,05). A imunocastração com três doses proporcionou incremento na participação de músculo em relação aos castrados cirurgicamente nas duas idades, e na relação músculo:osso em relação aos castrados ao desmame, mas reduziu a participação de gordura em relação aos castrados ao nascimento. O total de órgãos internos expressos em percentual do peso de corpo vazio diferiu entre os dois protocolos de imunocastração, com superioridade quando aplicou-se quatro doses (3,61 vs 3,39 kg). Novilhos castrados cirurgicamente ao nascimento apresentaram superioridade no somatório das gorduras internas, de descarte e renal, em relação a imunocastrados com três doses, independente da forma como foi expressa. A castração imunológica mostrou-se como uma alternativa viável em relação à castração cirúrgica, não alterando os principais parâmetros de interesse econômico e atributos de qualidade da carne, além de promover o bem-estar animal, eliminando a intervenção cirúrgica.