Produzir para viver ou viver para produzir: conflitos vividos pelos produtores familiares e as estratégias de resistência no território do queijo Canastra
Resumo
A temática central dessa pesquisa refere-se ao processo de produção e comercialização do queijo na Microrregião da Canastra, no Estado de Minas Gerais. Abordamos os problemas enfrentados pelos produtores de Queijo Minas Artesanal, elaborado a partir do leite cru e buscamos compreender os processos e os conflitos vividos e sentidos pelos produtores familiares de Queijo Canastra. Para efetivar a pesquisa, partimos de referenciais teóricos ligados ao tema, mas também da vivência junto aos produtores de queijo, o que possibilitou compreender o processo de produção do queijo em todas as suas fases, inclusive a sua comercialização. O ponto principal refere-se a artesanalidade do processo de elaboração do queijo e os riscos de descaracterizar o modo de fazer devido a legislação que rege a produção e a comercialização do queijo. Os produtores de queijo resistem a adoção das práticas constantes nas normas, que buscam adaptar a produção de queijos artesanais aos princípios industriais, cujos parâmetros baseiam-se na pasteurização do leite, na inoxização dos utensílios e equipamentos de produção, na artificialização e padronização dos produtos. Ficar na informalidade é uma estratégia de resistência, por parte dos produtores, uma maneira de manter a tradição, o saber e o modo de fazer, os hábitos e costumes e o modo de vida na Microrregião da Canastra. A produção do Queijo Canastra é um dos elementos que configuram a organização social local, contribui com a geração de renda e emprego. Constituiu-se historicamente em uma atividade socioeconômica que têm contribuído com o desenvolvimento local e regional, com o estabelecimento e manutenção de questões simbólicas, responsáveis pela (re)produção cultural e como possibilidade de permanência dos produtores no meio rural.
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