Evapotranspiração de Sedum rupestre em telhados verdes extensivos
Resumo
Telhado verde é uma técnica inserida na concepção de desenvolvimento urbano de baixo impacto e comprovada em muitas pesquisas como uma medida eficiente no controle quantitativo de águas pluviais em áreas urbanizadas. A capacidade de armazenamento ou retenção das precipitações nesses sistemas, é influenciada por uma série de fatores, sendo a evapotranspiração de grande importância. Diante da carência de informações quanto à quantificação desta na parcela do balanço hídrico em telhados verdes e como forma de obter uma melhor compreensão acerca do desempenho hidrológico dos mesmos, especialmente sob as condições climáticas do Brasil, esta pesquisa teve como objetivo mensurar as taxas de evapotranspiração de parcelas de telhados verdes extensivos, vegetados com Sedum rupestre, comparando os valores observados com os resultantes de equações preditivas da evapotranspiração. O sistema experimental foi composto por dez módulos experimentais vegetados e não vegetados, os quais foram construídos e monitorados na Universidade Federal de Santa Maria, no período de Julho de 2016 a Fevereiro de 2017. Como resultado, verificou-se que a evapotranspiração mediana foi de 2,6 mm dia-1, com valores variando de 0,2 mm dia-1 a 5,1 mm dia-1, a evaporação mediana do período de estudo foi de 1,9 mm dia-1, com variações de 0,1 mm dia-1 a 9,5 mm dia-1. Foram observadas maiores taxas de evapotranspiração no verão (3,0 mm dia-1), seguido pelo inverno (2,3 mm d-1) e primavera (1,8 mm dia-1); para a evaporação esses valores foram de 4,3 mm dia-1 (verão), 1,9 mm dia-1 (inverno) e 1,0 mm dia-1 (primavera). Em termos percentuais, os maiores volumes totais evapotranspirados (em relação à chuva) foram observados em Julho (49,0%), Setembro (87,1%) e Dezembro de 2016 (92,9%). Na análise sazonal, 49,8% do que choveu no inverno retornou à atmosfera sob a forma de evapotranspiração, enquanto que na primavera e verão estes valores foram de 25,0% e 29,9%, respectivamente. Módulos vegetados e não vegetados tiveram desempenho semelhante quanto ao controle do escoamento, com valores de coeficiente de escoamento de 0,47 e 0,43, respectivamente. Os resultados da pesquisa mostram que o coeficiente de cultura (Kc) e de estresse hídrico (Ks) médio foi de 0,9, com variação média mensal de 0,5-1,4 e 0,7-1,1, respectivamente. Ambos os coeficientes são variáveis em função da fase de desenvolvimento da vegetação e das condições ambientais. Foi avaliada a capacidade de equações clássicas serem usadas na estimativa da evapotranspiração, sendo testados oito modelos. Na análise diária, as equações de Penman-Monteith-FAO56, Penman, Jensen-Haise e Turc apresentaram resultados razoáveis sem a incorporação de Kc e Ks aos valores de evapotranspiração de referência. No entanto, bons ajustes só foram observados em alguns períodos. Quando as equações foram corrigidas com os coeficientes Kc e Ks, os ajustes tornaram-se substancialmente melhores, sendo que os modelos de Penman, Slatyer-MclIroy e Priestley-Taylor apresentaram ótimos resultados para todos os períodos analisados. Também foram desenvolvidos modelos de regressão, a partir das variáveis climatológicas observadas durante o estudo, sendo que os mesmos apresentaram bons ajustes em apenas alguns períodos, e a umidade relativa do ar se destacou como um fator explicativo importante da evapotranspiração. Este trabalho apresenta importantes contribuições quanto ao comportamento da evapotranspiração em telhados verdes e serve como estímulo para o desenvolvimento de outras pesquisas na área, sobretudo no Brasil, visando uma melhor compreensão da técnica e, consequentemente, sua difusão.
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