Cotistas negros da UFSM e o mundo do trabalho
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2018-08-13Metadatos
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A presente pesquisa de doutorado, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM teve como questão norteadora “em que medida ter ingressado como cotista negro no Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social da UFSM, no período de 2008 a 2015, interferiu na inserção no mundo do trabalho, desses estudantes, após suas formaturas?” O objetivo geral foi compreender os desafios enfrentados por estudantes cotistas negros, formados na UFSM, para inserção no mundo do trabalho. Os objetivos específicos foram: resgatar a trajetória de implantação da política de cotas na UFSM; avaliar como se deu o processo formal de acesso ao mundo do trabalho, nas respectivas áreas de formação, de estudantes que concluíram a graduação em Ciências Sociais e nos dez cursos mais procurados e menos procurados no vestibular daquele período; enumerar as dificuldades encontradas pelo estudante cotista negro no decorrer da graduação e o que fizeram para superá-las para acessar o mundo do trabalho; analisar o quanto o capital social ou cultural influenciou no acesso ao mundo do trabalho; identificar em que momento e como ocorreu o processo formal de acesso do formando no mundo do trabalho e em que as cotas mudaram suas vidas. Os colaboradores foram 11 estudantes cotistas negros (4 homens e 7 mulheres), egressos dos cursos de Enfermagem, Educação Especial, Serviço Social, Sociologia, Relações Pública, Veterinária, Ciências Sociais (3), História, Fisioterapeuta da UFSM. A metodologia empregada foi uma abordagem qualitativa, com a realização de entrevistas semidirigidas e abertas, questionários online, pesquisa documental, observação participante e relatos de vida. Entre os teóricos que embasaram a pesquisa, encontra-se em Bourdieu (1997a; 2008a; 2008b) referências sobre capital cultural e a escola como reprodutora das desigualdades sociais; no magistral estudo de Coulon (2008), indicativos sobre a condição do estudante recém ingressante no ensino superior. A categoria trabalho foi revisitada a partir do aporte teórico de Durkheim (2010), Marx (2015) e Weber (1967). Em Freire (1987), buscou-se a análise sobre o viés educacional e, em Domingues (2008), Gomes (2001), Gomes (2003), Martins (2014), Munanga (2009), Santos (2015) e Valentim (2012) considerações sobre ações afirmativas, política de cotas e estudos cujos colaboradores foram cotistas negros. Os resultados obtidos indicaram que do ano de 2008 a 2015 ingressaram 2204 cotistas negros (Pretos, Pardos) na UFSM, dos quais 254 concluíram seus cursos, correspondendo a 11.52% dos cotistas étnicos e a 3.25% do total de formandos. A situação dos colaboradores, após a formatura ficou assim delineada: o enfermeiro e a assistente social ingressaram no mercado de trabalho via concurso; a socióloga, após análise de currículo e a fisioterapeuta, por indicação de uma ex-professora. Evidenciou-se que a maioria dos colaboradores optou em prosseguir os estudos (9), investindo no aperfeiçoamento acadêmico: 2 pediram reingresso, 3 cursavam especialização, 1, mestrado e 3, doutorado. Para os colaboradores a política de cotas representou um divisor de águas, mudando totalmente suas vidas; foi como uma porta que se abriu para o mundo. Publicizar aos quatro ventos que foram cotistas étnicos foi um desejo expresso pelos colaboradores, que se orgulham da sua condição de cotista, pois hoje, reconhecem uma Universidade mais democrática, com diversidade, na busca de justiça social, uma “Universidade que se Pinta de Povo”. Esta pesquisa pretende ser apenas ponto de partida e aponta-se a necessidade de estudar, aprofundar, debater e pesquisar temas, como “descolonização; quem é negro no Brasil; branquitude, privilégio branco, colorismo, apropriação cultural, racismo”, entre outros. As considerações finais da pesquisa serão encaminhadas aos órgãos competentes da Universidade, como Gabinete do Reitor, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, Pró-Reitoria de Graduação, Coordenadoria de Ações Educacionais - CAED, Núcleo de Ações Afirmativas Sociais, Étnico-Raciais e Indígenas, NEAB, DCE e associações de servidores e docentes, como ASSUFSM e SEDUFSM, e ao informar tais resultados, espero estar contribuindo para o aprimoramento da política de cotas na UFSM.
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