Novas estratégias para valorização do extrato de tanino
Resumo
Em um mundo em busca de produtos de baixo impacto ambiental, a correta exploração de
recursos biológicos está se tornam-se uma necessidade. Taninos condensáveis estão presentes
em diversas fontes na natureza e caracterizam-se por serem o segundo fenólico mais abundante
da Terra, atrás somente da lignina. Industrialmente, os taninos condensados são utilizados, em
sua maioria, no curtimento de couro, como adesivos e também floculantes. Com base na
produção mundial desse extrato fenólico e o crescimento de pesquisas sobre maximização do
aproveitamento de uma matéria prima, o presente trabalho teve por objetivo a elaboração de
novas estratégias para valorização do extrato de tanino. Para tanto, tanino de Mimosa (Acacia
mearnsii De Wild) foi utilizado inicialmente em um processo de purificação, a fim de eliminar
açúcares e ácidos e assim obter novas frações do extrato. O tanino foi fracionado utilizando
solventes orgânicos com diferentes polaridades em um extrato soxhlet, em processos simples e
sequenciais. Posteriormente, a fim de aplicar o tanino industrial de Mimosa em produtos ou
novos materiais, confeccionou-se compósitos plástico-madeira utilizando o tanino como um
compatibilizante natural. Os compósitos foram preparados utilizando polipropileno, resíduos
de pinus e fibras de madeira, em um processo com um homogeneizador termocinético e uma
prensa hidráulica. Por fim, o tanino foi incorporado a nanocelulose para confecção de um filme
com capacidade de aplicação em embalagens ativas. Celulose e o tanino foram misturados com
água destilada em um microprocessador de fibrilação mecânica, formando um gel homogêneo
com celulose nanofibrilada e tanino. Utilizando um sistema de filtração a vácuo, o gel foi
transformado em um filme. Os principais resultados obtidos através de caracterizações
específicas das frações, compósitos e filmes foram muito positivos. Diferentes propriedades
foram observadas nas frações, sendo possível direcionar o material obtido para fins específicos,
como para fármacos e embalagens ativas (menor peso molecular e maior capacidade
antioxidante) e adesivos (maior peso molecular). Acréscimos no módulo de armazenamento e
na hidrofobicidade foram obtidos a partir da incorporação do tanino em compósitos plásticomadeira,
além de uma compatibilização ser confirmada por análises morfológicas. Por fim, os
filmes de nanocelulose e tanino apresentaram elevada propriedade antioxidante, liberada a
partir do contato com a água. Ainda, os filmes mostraram elevada resistência mecânica e
capacidade de barreira, sendo indicados para embalagens ativas para alimentos e fármacos.
Portanto, nós acreditamos que o extrato de tanino pode e deverá ser utilizado para elaboração
de materiais com maior valor agregado, principalmente devido a sua estrutura química,
abundância e ciclo sustentável de produção.
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