Atividade antimicrobiana, antibiofilme, cito e genotóxica do S- (3,4-diclorobenzil) isotioureia (A22)
Abstract
A formação de biofilmes causa grande preocupação para a saúde pública devido à baixa
resposta aos tratamentos antimicrobianos e à colonização de superfícies como próteses e
cateteres. Microrganismos patogênicos como Pseudomonas aeruginosa são capazes de formar
biofilmes em dispositivos médico-hospitalares e tecidos vivos, podendo causar infecções
crônicas graves em humanos. Deste modo, torna-se importante buscar alternativas eficazes
contra a formação de biofilmes. O A22 inibe a proteína MreB do citoesqueleto bacteriano
alterando o formato das células microbianas, o que pode afetar muitas propriedades, incluindo
a motilidade e a formação de biofilmes. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo
avaliar, pela primeira vez, a ação antibiofilme do A22 sobre isolados de P. aeruginosa, bem
como os seus potenciais efeitos cito e genotóxicos. A atividade antibacteriana do A22 foi
avaliada por métodos convencionais sobre cepas padrões e 28 isolados clínicos
multirresistentes de P. aeruginosa. Os ensaios de cito e genotoxicidade foram realizados pelo
teste do MTT e ensaio do Cometa, respectivamente. A capacidade de adesão dos isolados
clínicos e da cepa padrão foi avaliada em placas de poliestireno. Fatores essenciais à fisiologia
do biofilme de P. aeruginosa PAO1, como as motilidades dos tipos swimming, swarming e
twitching, bem como a adesão às células HeLa e adesão a superfície de Polietileno de Alta
Densidade (PEAD) foram avaliados na presença e na ausência do A22. A Microscopia de
Força Atômica (MFA) foi utilizada para visualizar a adesão em PEAD. Este estudo ratificou a
excelente atividade antimicrobiana do A22, principalmente em relação aos isolados
multirresistentes. Da mesma forma, o A22 não apresentou efeitos citotóxicos sobre células
mononucleares de sangue periférico humano em todos os tempos de exposição avaliados,
exceto na concentração de 32μg/mL, e não demonstrou efeitos genotóxicos sobre as células
após 24 e 48 horas. Os resultados mostraram um alto padrão de adesão em 14 isolados
clínicos multiresistentes, sendo que o A22 inibiu a adesão de 9 destes microrganismos. O A22
conseguiu reduzir a adesão e formação de biofilmes da cepa P. aeruginosa PAO1 em placas
de poliestireno, nas células HeLa e no PEAD. Do mesmo modo, as motilidades swarming e
twitching foram significativamente diminuídas pela ação do A22 em concentrações
subinibitórias. O impacto e contribuição científica deste trabalho estão alicerçados na
descoberta de uma potential nova possibilidade terapêutica contra infecções associadas a
biofilmes de P. aeruginosa. O A22 apresentou-se como uma ferramenta útil e promissora para
reduzir a adesão microbiana tanto em superfícies vivas quanto inertes, haja vista os seus
baixos efeitos tóxicos. Os resultados desta tese estimulam o aprofundamento em metodologias
que visem a inserção do A22 como um novo antibacteriano ou agente de revestimento de
materiais médico-hospitalares.
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