Nutrição e metabolismo ósseo
Resumo
Embora a ingestão de frutas e hortaliças pareça ter um efeito protetor no metabolismo ósseo, seu efeito nas fraturas permanece incerto. Alguns estudos descreveram uma diminuição na qualidade de vida de indivíduos com deficência de vitamina D. No entanto, pouco se sabe sobre essa associação na atenção primária. Objetivou-se avaliar a influência da ingestão de frutas e hortaliças na saúde óssea; e avaliar a associação entre a deficiência de vitamina D e a qualidade de vida em mulheres na pós-menopausa atendidas na atenção primária. Primeiramente, realizou-se uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (ECR) e estudos de coorte (PROSPERO: CRD42016041462). Incluíram-se ECR e estudos de coorte que avaliaram a ingestão de frutas e hortaliças em homens e mulheres com 50 anos ou mais. Fraturas foram consideradas como desfechos primários, e alterações nos marcadores ósseos, como secundários. A estratégia de busca incluiu os seguintes descritores: frutas, hortaliças, osso, fraturas ósseas, osteoporose pós-menopausa, e osteoporose. PubMed, Embase, e Cochrane Library foram as bases de dados utilizadas. As análises dos estudos foram realizadas por dois revisores de forma independente, discutidas e acordadas entre ambos. Os dados extraídos dos ECR e estudos de coorte foram resumidos separadamente. O risco de fraturas nos estudos foram combinados utilizando modelos aleatórios. CTx foi resumido pela diferença das médias padronizadas. O método GRADE foi utilizado para avaliar a força de recomendação. Dos 1192 estudos encontrados, 13 foram incluídos na revisão sistemática, e 10 na análise combinada (6 estudos de coorte e 4 ECR). Os seis estudos de coorte incluídos na metanálise, somaram uma população de 225 062. O HR (IC95%) para quadril em cinco estudos foi 0,92 (0,87 a 0,98), e heterogeneidade moderada (I² = 55,7%, p=0,060), GRADE (⊕⊕⊕O). Dois estudos de coorte avaliaram o risco de qualquer fratura, o HR foi 0,90 (IC95%: 0,86 a 0,96), com heterogeneidade de 24,9% (p=0,249, GRADE (⊕⊕⊕O)). Não houve associação entre CTx e 3 meses de ingestão de frutas e hortaliças avaliado por quatro ECRs, GRADE (⊕⊕OO). Houve associação entre o aumento na ingestão de, pelo menos, uma porção de frutas e hortaliças por dia e a diminuição do risco de fraturas (nível de evidência moderado). No segundo estudo, realizou-se um estudo transversal com mulheres na pós-menopausa com mais de 55 anos, atendidas na atenção primária, no período de março a agosto de 2014. Essas mulheres foram selecionadas aleatoriamente entre os participantes de um estudo de coorte no município de Santa Maria, RS. Os dados foram coletados por meio de um questionário padronizado, a qualidade de vida foi avaliada por meio do Short Form 36 Health Survey (SF-36), e a 25(OH)D pelo método ALPCO® ELISA. Das 78 mulheres, 11,54% tinham deficiência de vitamina D. Mulheres com deficiência de vitamina D tiveram pior qualidade de vida avaliada pelo SF-36. Na análise de regressão, tanto a deficiência de vitamina D, quanto quedas no último ano foram independentemente associados a um menor componente físico do SF-36. A deficiência de vitamina D foi associada a pior qualidade de vida nas mulheres pós-menopausadas estudadas.
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