Fatores de risco psicossociais e engajamento no trabalho: um estudo com militares da Força Aérea Brasileira de Santa Maria-RS
Resumo
Este estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar a percepção dos militares em relação aos aspectos do Engajamento no Trabalho e os Fatores de Risco Psicossociais (FRP) desencadeantes do estresse ocupacional. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, com levantamento (survey) e abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 382 militares atuantes na Base Aérea de Santa Maria, localizada no Estado do Rio Grande do Sul e conhecida atualmente como Ala 4. Aplicou-se um protocolo de pesquisa constituído por três partes: os dados sócios demográficos e profissionais, escala de Engajamento no Trabalho (UWES), de Angst, Benevides-Pereira e Porto-Martins (2009) e a escala de Fatores de Risco Psicossociais (HSE-IT), validado por Lucca et al. (2013). Os dados obtidos foram analisados por meio de estatísticas descritivas, padronização de escalas, Correlação de Pearson e análise de correspondência. Evidenciou-se, pela caracterização geral do perfil sócio demográfico, a predominância de militares do gênero masculino (93,46%), com idade média entre 21 a 30 anos (37,43%), casados (54,71%), com ensino médio completo (37,70%) e sem filhos (65,18%). Quanto ao perfil sócio profissional, é constituído por militares que possuem até 5 anos (68,06%) de atuação na Ala 4, sendo o Esquadrão de Segurança e Defesa o setor com maior número de respondentes (24,35%) e os Praças (Cabos e Soldados) são a maioria da amostra, os quais totalizam 38,48%, com renda entre 1 a 3 salários mínimos (37,70%) e carga horária de 40 horas semanal. Ao analisar a confiabilidade das escalas, encontrou-se α de 0,92 para a escala UWES, classificada como índice Forte e α 0,76 para a escala HSE-IT, sendo considerado um índice aceitável. Na identificação da possível incidência do Engajamento no Trabalho, encontram-se altos índices médios nos aspectos do Engajamento no Trabalho, destacando a maior média para Dedicação. Na identificação da possível incidência dos FRP, os fatores não apresentaram riscos a amostra, porém, as dimensões Controle (25,88%), Demanda (18,59%) e Apoio da chefia (16,02%) foram as que obtiveram maiores indicativos de estresse ocupacional. Por meio da padronização geral das escalas, constatou-se Alto índice de Engajamento, demostrando que 73,82% dos militares consideram-se altamente engajados no seu trabalho. Referente aos FRP, verificou-se índice Moderado, em que 93,19% dos respondentes acreditam que os fatores psicossociais eventualmente podem gerar situações estressantes no trabalho. A partir dos resultados, infere-se que estes dois estados podem estar sendo vivenciados e percebidos pela amostra participante. Com relação ao teste de correlação paramétrico de Pearson, foi investigada a relação entre o Engajamento no Trabalho e os FRP, em que foram encontradas correlações fortes e positivas para todos os aspectos do Engajamento no Trabalho. Nos FRP, a única dimensão a registrar correlações fortes e positivas com indício ao estresse foi Apoio da chefia. A análise de correspondência constou Alta associação para o Engajamento no Trabalho e Moderada associação para os FRP nos militares da amostra, demonstrando que ocasionalmente podem surgir acontecimentos estressantes mesmo estando engajados, circunstância normalizada para o contexto militar. Tais resultados confirmam, mais uma vez, que esses dois estados se encontram vivenciados e percebidos pelos militares.
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