Metodologia para consideração de tendências climáticas em curvas IDF de precipitação
Resumo
Muitos estudos mostram que as chuvas intensas tem modificado seu comportamento nos
últimos anos, função das alterações climáticas. Este fato traz consequências como o aumento
da ocorrência de eventos de enxurradas, alagamentos e demais eventos críticos nas áreas
urbanas. Nesta pesquisa tem-se o intuito de contribuir na análise de tendência de eventos
extremos e como estes podem ser considerados nos projetos hidráulicos buscando a redução
da ocorrência de desastres urbanos devido a subdimensionamentos. Para tal, foram criadas
séries sintéticas de precipitações máximas anuais com duração de 1 hora e diferentes
magnitudes de tendência. A partir delas, foi analisado qual o tamanho necessário de séries
observadas para a detecção de tendências e qual o impacto das tendências nos projetos
hidráulicos. Também foram testadas duas metodologias para atualização das relações IDF em
caso de detecção de tendência nas séries de precipitações máximas anuais. A primeira análise
mostrou que para detecção de magnitudes de tendência (com significância α=0,1) iguais a
0,05mm/ano é necessário uma série com cerca de 98 anos de dados observados, enquanto
magnitudes de 0,40mm/ano necessitam de uma série de cerca de 27 anos. Os resultados
mostraram o quão incerta é a detecção das tendências, quanto menor for o tamanho da série.
Em relação aos impactos das tendências em projetos hidráulicos, foi possível observar que
para algumas situações específicas com magnitudes amenas, o incremento de vazão para
situação futura é bastante pequeno, podendo até ser desprezado, enquanto nos demais casos, o
incremento da vazão em situações futuras é volumoso e oferece grande risco se a tubulação
passar a trabalhar subdimensionada ao longo dos anos. As metodologias para consideração
das tendências obtiveram desempenho aceitável para séries com tamanho a partir de 50 anos
de dados observados, desde que para períodos de retorno com até 100 anos e vida útil da obra
de até 50 anos. Para séries de tamanho menor que 50 anos, as metodologias apresentaram
erros extremamente grandes devido à pouca representatividade das séries curtas, sendo a
magnitude detectada no início da série diferente da detectada no fim da vida útil da estrutura.
Percebe-se como a limitação de dados pluviográficos em nosso país nos remete a uma
situação de grande incerteza em relação às tendências de precipitações máximas, onde a
maioria das séries possuem tamanhos com cerca de 10 a 20 anos de dados observados.
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