Áreas da vida no trabalho como preditoras da síndrome de burnout: tradução, adaptação transcultural e validação do modelo AWS-MBIGS
Resumo
O instrumento Areas of Worklife Scale AWS configura-se como um instrumento que serve para avaliação e
intervenção organizacional, estruturando-se como um modelo que relaciona seis dimensões relativas ao contexto
e conteúdo do trabalho - carga de trabalho, controle, recompensa, comunidade justiça e valores – com as três
dimensões de burnout – exaustão, cinismo e eficácia (LEITER; MASLACH, 2011). O AWS enfoca o grau de
congruência entre o indivíduo e os seis domínios de seu ambiente de trabalho (MASLACH; LEITER, 1997)
propondo que quanto maior a lacuna percebida entre a pessoa e o trabalho, maior a probabilidade de burnout,
inversamente, quanto maior a consistência, maior a probabilidade de engajamento com o trabalho. Assim,
considerando, a relevância do modelo das áreas da vida profissional que permite não apenas a mensuração de
burnout, mas a identificação de áreas componentes do contexto organizacional que podem ser preditoras da
doença surge o questionamento: “as seis áreas da vida no trabalho propostas por Leiter e Maslach (2011)
confirmam-se como preditores organizacionais de burnout no contexto brasileiro?”. Para que haja resposta a este
problema apresenta-se a proposição de analisar se os fatores das seis áreas da vida no trabalho presentes no
instrumento Areas of Worklife Scale AWS (LEITER; MASLACH, 2011) – carga de trabalho, controle,
recompensa, comunidade, justiça e valores – confirmam-se como preditores organizacionais para as três
dimensões de burnout componentes do instrumento Maslach Burnout Inventory General Survey MBI-GS
(MASLACH; JACKSON; LEITER, 2016) – exaustão, cinismo e ineficácia – a partir da tradução e adaptação
transcultural no contexto brasileiro. No sentido de alcançar o objetivo proposto propõe-se um percurso
metodológico com abordagem qualitativa para a etapa de tradução e adaptação dos instrumentos AWS e MBI-GS
utilizando-se o processo de adaptação transcultural (BEATON et al., 2000) e abordagem quantitativa para etapa
de validação do modelo integrado AWS-MBIGS utilizando o modelo de equações estruturais com mínimos
quadrados parciais (HAIR Jr. et al., 2017). Os resultados permitem inferir que as relações entre as seis áreas da
vida no trabalho e as três dimensões de burnout são suportadas no modelo sendo que a hipótese “H1 Controle
influencia direta e positivamente carga de trabalho” foi aceita apresentando coeficiente interno de 0,359, teste t
8.723 e significância com p valor menor que 0,05. A hipótese “H2 controle influencia direta e positivamente
recompensa” foi aceita com coeficiente interno de 0,554, teste t 16.695 e significância com p valor menor que
0,05. A hipótese “H3 Controle influencia direta e positivamente comunidade” tambem foi aceita com coeficiente
interno de 0,423 teste t 10.317e significância com p valor menor que 0,05. A hipótese “H4 Controle influencia
direta e positivamente justiça” aceita com coeficiente interno 0,517 e valor do teste t 15.138 e p valor menor que
0,05. A hipótese “H5 Recompensa influencia direta e positivamente valores” aceita da mesma forma com valor
de coeficiente interno de 0,242 e valor do teste t 5.076 significante a 0,05. A hipótese “H6 Comunidade
influencia direta e positivamente valores” com coeficiente interno de 0,138 e valor do teste t 2.741 apresentando
significância. A hipótese “H7 Justiça influencia direta e positivamente valores” com coeficiente de 0,316 e valor
teste t 6.602 e significante. A hipótese “H8 Valores influencia direta e negativamente exaustão” com coeficiente
de -0,061 e valor do teste t 1.866 e p valor = 0,062 levando-se a rejeição da hipótese. A hipótese “H9 Valores
influencia direta e negativamente cinismo” com coeficiente interno -0,343 e valor para o teste t 9.651
apresentando significância com p valor menor que 0,05. A hipótese “H10 Valores influencia direta e
positivamente eficácia profissional” apresenta valor de coeficiente interno 0,141 e valor de teste t de 3.323
sendo significativa. A hipótese “H11 Carga de trabalho influencia direta e negativamente exaustão” possui
coeficiente interno no valor de -0,657, teste t no valor de 25.524, significante a 0,05. A hipótese “H12 Exaustão
influencia direta e positivamente cinismo” com coeficiente interno de 0,457 e valor do teste t 13.826,
significante. Por fim, a hipótese “H13 Cinismo influencia direta e negativamente eficácia profissional”
apresentando coeficiente interno de -0,397 e valor para o teste t de 10.062, sendo significante a 0,05. Aceitandose
as hipóteses do modelo com exceção para H8 que foi rejeitada. Confirmando-se, assim, as áreas da vida no
trabalho como preditoras da síndrome de burnout, podendo-se utilizar o modelo como instrumento diagnóstico e
de intervenção para minimização ou eliminação dos elementos que podem provocar desequilíbrio na relação
indivíduo-trabalho.
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