Suscetibilidade a inseticidas em linhagens de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) com resistência as proteínas de Bacillus thuringiensis berliner expressas em milho
Resumo
A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é
um dos mais importante inseto-praga da cultura do milho no Brazil. O controle desta espécie
tem sido realizado principalmente com o uso de milho Bt e inseticidas. No entanto, a evolução
da resistência de S. frugiperda a proteínas Bt e inseticidas tem ameaçado a sustentabilidade
dessas táticas de controle. Nesse sentido, para subsidiar o manejo dessa espécie foram
realizados estudos com linhagens de S. frugiperda resistentes e suscetíveis em milho Bt e não-
Bt para avaliar a eficácia de dois tratamentos de sementes (clorantraniliprole e imidacloprido +
tiodicarbe) no controle de infestações iniciais e a sua suscetibilidade aos inseticidas foliares
(espinetoram e clorfenapir). Para a realização destes estudos foram selecionadas linhagens de
S. frugiperda resistentes as proteínas Cry1F, Cry1A.105 + Cry2Ab2 e Cry1A.105 + Cry1F +
Cry2Ab2. Além disso, uma linhagem suscetível de referência e hetetorozigotos obtidos de
cruzamentos recíprocos foram utilizadas nos experimentos. No primeiro estudo, em laboratório,
discos foliares foram obtidos de plantas de milho cujas sementes foram tratadas com
clorantraniliprole ou imidacloprido + tiodicarbe, os quais foram acondicionados em placas de
bioensaio. Aos 7, 14 e 21 dias após a emergência (DAE) em discos foliares oriundos de plantas
com tratamento de sementes a sobrevivência de linhagens resistentes, heterozigotos e suscetível
reduziu em até 23,2; 24,8 e 28,2%, respectivamente, quando comparado ao mesmo híbrido sem
tratamento de sementes. Em condições de campo, os mesmos tratamentos de sementes
apresentaram baixa eficácia no controle de S. frugiperda. Somente aos 7 DAE houve redução
significativamente no número de plantas com danos (nota de dano inferior a 3 na Escala Davis).
No segundo estudo, as mesmas linhagens de S. frugiperda foram usadas em bioensaios para
avaliação da suscetibilidade a inseticidas aplicados na superfície da dieta artificial (laboratório)
e sobre as plantas (casa de vegetação e campo). Em laboratório, as lagartas foram criadas em
milho Bt e não-Bt até o terceiro ínstar larval quando foram expostas aos inseticidas espinetoram
e clorfenapir aplicados na superfície da dieta. As linhagens de S. frugiperda resistentes e
heterozigotos apresentaram similar suscetibilidade a espinetoram (CL50 = 0,16 a 0,18 ug
i.a./cm2
) e clorfenapir (CL50 = 0,17 a 0,20 ug i.a./cm2
), quando criadas em milho Bt e não-Bt.
No entanto, a linhagem Sus teve maior suscetibilidade aos inseticidas quando se desenvolveu
em milho não-Bt; LC50 = 0,05 (espinetoram) and 0,08 (clorfenapir) ug i.a./cm2
. Entretanto, em
casa de vegetação e campo, não foram detectadas diferenças significativas na sobrevivência de
S. frugiperda quando a dose comercial de ambos os inseticidas foi aplicada em milho Bt e não-
Bt. Os resultados demonstram que o tratamento de sementes de milho com clorantraniliprole
ou imidacloprido + tiodicarbe possui baixa eficácia de controle de S. frugiperda. Observou-se
também que linhagens de S. frugiperda que se desenvolveram em milho Bt e não Bt possuem
similar suscetibilidade aos inseticidas espinetoram e clorfenapir.
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