A reescrituração e os sentidos de língua na perspectiva do senso comum: ideologia e imaginário.
Abstract
Esta dissertação de Mestrado se propõe a analisar os dizeres enunciados no senso
comum sobre a língua portuguesa, no intuito de compreender qual a ideologia e o
imaginário linguístico que atravessam esses enunciados. Muitos estudos já foram
empreendidos em relação aos discursos sobre a língua, podendo destacar os de
Mariani (2004), que analisou os discursos de literatos e políticos, gramáticos e
eruditos, ou seja, pessoas de influência na sociedade da época do Brasil colônia.
Assim, poucas são as pesquisas que se dedicam a estudar o que se diz no senso
comum sobre a língua portuguesa falada no Brasil, e em decorrência disso nos
propomos a realizar esta análise para conhecer o imaginário de língua que circula no
senso comum, a partir de comentários de internautas na fanpage oficial do Palácio
do Planalto no Facebook, no primeiro pronunciamento oficial do presidente Michel
Temer no exterior. A perspectiva teórica adotada é a da Teoria da Enunciação
(Benveniste, 1989), mais especificamente voltada aos pressupostos da Semântica
do Acontecimento (Guimarães, 2002), e fazendo uso do movimento analítico que o
procedimento de reescrituração produz sobre a constituição dos sentidos como
ferramenta semântica para análise de nosso corpus. A análise se dá a partir de um
recorte de 10 enunciados sobre a língua portuguesa falada pelo “novo presidente”,
divididos em dois eixos de funcionamento semântico, conforme as formas nominais
mais recorrentes, sendo eles “Português Correto” e “Presidente Alfabetizado”. O
processo analítico revelou um imaginário de língua perpetuado no senso comum
fundamentado na ideia de uma língua homogênea, pura e idealizada; bem como,
confunde-se língua falada e língua escrita, tendo como critério para um português
falado de modo “correto” a aproximação e fidelidade à gramatica. A partir dos
dizeres do senso comum sobre a língua evidenciam-se sentidos relativos à
segregação social gerada entre aqueles “que sabem falar” e os que “assassinam a
língua”, consolidando, deste modo, o poder ideológico que atravessa os usos
linguísticos e os imaginários estabelecidos sobre o que é língua correta ou bem falar
uma língua e que se fortalecem ininterruptamente.
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