Ideologia e comunicação midiática quanto à violência sexual contra mulheres: contribuições à compreensão da cultura do estupro
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2019-04-25Metadatos
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A cultura do estupro tem sua manifestação consolidada quando há a culpabilização das mulheres em casos de violência sexual. Essa dissertação teve como objetivo analisar como a mídia online constrói sentidos acerca da violência sexual contra as mulheres, identificando possíveis estratégias ideológicas utilizadas que podem estar reforçando a cultura do estupro. Além disso, nos interessou identificar como as vítimas e os agressores são descritos na mídia online, bem como, observar se as interseccionalidades (entre gênero, classe e raça) são consideradas nas matérias. A pesquisa faz parte do projeto guarda-chuva “Vidas Precárias no cibermundo” - Estudos sobre violências, poder e interseccionalidade nos sistemas hierárquicos. Partimos da perspectiva da Psicologia Social Crítica e de uma construção teórica sustentada nos modos de operação da ideologia proposta pelo sociólogo John B. Thompson. A Teoria das Representações Sociais, os Estudos de Gênero e as Teorias Feministas também contribuíram para as análises. Trabalhamos com 99 reportagens envolvendo estupros de mulheres adultas, a partir de uma abordagem quali-quantitativa. A abordagem quantitativa colaborou para uma visão mais ampla dos dados disponíveis nas reportagens e as relações estabelecidas com os discursos. Qualitativamente, empregamos a metodologia da Hermenêutica de Profundidade proposta por Thompson e a Análise Crítica do Discurso proposta por Van Dijk. A partir disso, alguns resultados das análises nos ajudaram a pensar a culpabilização das mulheres em situação de violência sexual como, por exemplo, nas reportagens que se referiam aos locais, e às circunstancias da situação onde ocorreu a violência. Percebemos que essas especificações contribuíam para uma corresponsabilização das mulheres e para a criação do estereótipo de vítima ideal. Os dados que envolveram a análise dos homens, autores das violências sexuais, possibilitou reconhecermos o recorte de classe como forma de noticiar diferentemente os casos. Os agressores inseridos nas elites simbólicas tiveram seus casos contextualizados de formas distintas, proporcionando um espaço maior para defesa, especificando suas vidas pessoais e sua carreira. Concluímos que a forma como são apresentadas as reportagens analisadas sobre estupro acabam por fortalecer a cultura do estupro, pois apresentam expressões que enfatizam a participação das vítimas sobre a atuação dos autores. As estratégias ideológicas vinculadas às notícias envolvendo as vítimas e os agressores, possibilitaram reconhecermos movimentos ainda no sentido de manter a ideologia dominante, corroborando com o mantenimento de relações de dominação a partir dos recortes de gênero e classe.
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