A propaganda está de mudança: uma reflexão sobre o habitus publicitário na geração z
Resumo
Revisitando o histórico evolutivo da publicidade percebemos que a nossa profissão foi construída a partir da realização de práticas e conceitos pré-determinados. Gerações de publicitárias e publicitários acabaram entrando no mercado de trabalho a partir de um modelo replicado, muito como nos aponta Wottrich (2017), vindo de m modelo americano e adaptado ao contexto brasileiro. Esse modelo de replicação acabou ganhando um espaço cada vez maior na profissão, (dividindo funções, legitimando entes e ações, por exemplo.), e passando de um conceito de práticas institucionalizadas, como para Berger e Luckmann (1985) com objetivo de facilitar e otimizar processo, a um status de habitus, máxima admitida por Bordieu (1983) como inerente e inseparável da própria profissão. Contudo aí temos uma reflexão problemática. Normalizam-se cargas horárias além das leis trabalhistas, remunerações abaixo do padrão de mercado, condutas de assédio e moralmente condenáveis, criam-se grupos restritos e uma visão da profissão condicionada aos capitais, tanto culturais, sociais e econômicos possuídos pelos entes de seu campo. E como visto em Petermann (2011), gera-se um ciclo de legitimações e ações práticas restritas aos mesmos entes, em sua maioria homens, héteros-cisgênero, vindos de uma boa faculdade que convivem com pessoas de índole semelhante. Então a partir de uma evolução de pensamento e reflexão sobre o meio e em um movimento de ebulição surgem movimentos de contestação a essas práticas. Como apresentado por Schuch (2019) surgem novas formas de negócio, novas linhas de pensamento e gestão de empresas focadas nesses grupos contestadores, mas que ainda sem capacidades de enfrentamento e até sustento em alguns casos, acabam coexistindo a essa realidade hegemônica e polarizando o mercado em seu contexto geral. Então a partir dessa reflexão se torna interessante para nós analisarmos essa situação a partir das perspectivas de jovens profissionais, hoje da chamada geração Z, que em ao início de suas carreiras precisam conviver com essas multiplicidades, sem experiências prévias e acostumados a uma dinamicidade própria de sua geração, como trazido por Martin-Barbero (2014). Orientados por Duarte (2009) e a partir da realização de uma pesquisa qualitativa, pretendemos responder a tal indagação e assim verificar como atualmente se dá esse relacionamento com o habitus nessa lógica de relações sociais, legitimações e construção de capitais.
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