Reposicionamento de medicamentos em oncologia e doenças infecciosas: avaliação da atividade biológica de dissulfiram e ebselen
Fecha
2022-02-18Primeiro membro da banca
Santos, Aline Joana Rolina Wohlmuth Alves dos
Segundo membro da banca
Murari, Anelise Levay
Terceiro membro da banca
Ramos, Daniela Fernandes
Quarto membro da banca
Motta, Amanda de Souza da
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Atualmente, esforços estão sendo investidos na descoberta de terapias antineoplásicas e antimicrobianas mais eficazes, seletivas e também inovadoras. Um processo alternativo mais rápido pode surgir através do reposicionamento, também chamado redirecionamento de fármacos. Definido como o processo de investigar novos usos para medicamentos que já foram aprovados clinicamente, tem apresentado vantagens em relação à busca tradicional de substâncias ativas, como redução de custos e o tempo de introdução no mercado. Além disso, há possibilidade da ocorrência de sinergismo de ação entre medicamentos combinados, podendo melhorar a eficácia dos fármacos, diminuir a toxicidade, e fornecer um espectro de atividade mais amplo em comparação aos regimes monoterapêuticos. Assim, esse estudo apresenta medicamentos candidatos ao redirecionamento em oncologia, infecções fúngicas invasivas e frente a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Reportamos a atividade biológica in vitro de dissulfiram e ebselen. A atividade antibacteriana foi determinada através da avaliação da concentração inibitória mínima (CIM), concentração bactericida mínima (CBM) e interação com antibacterianos padrões pelo ensaio do checkerboard e determinação do Índice de Concentração Inibitória Fracionada (FICI). Foram utilizadas cepas da coleção American Type Culture Collection e isolados clínicos multidrogas resistentes (MDR). A citotoxicidade foi investigada utilizando-se linhagens celulares (tumorais: melanoma murino - B16F10, hepatocarcinoma humano – HepG2, e não cancerígena –RAW 264.7) por meio do ensaio com brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio (MTT). Foi avaliada a concentração de dsDNA e produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) nas linhagens tumorais após exposição aos tratamentos. No reposicionamento de medicamentos em oncologia, classes farmacológicas como a de antibióticos, psicofármacos, e antidepressivos, tiveram indicação de reposicionamento, principalmente no tratamento do glioblastoma, leucemia, câncer de mama e mieloma múltiplo. Já no reposicionamento para doenças fúngicas, entre as classes farmacológicas, destacaram-se antidepressivos, inibidores da bomba de prótons e antivirais, apresentando atividade principalmente frente aos gêneros Candida, Cryptococcus e Aspergillus. No SARS-CoV, SARS-CoV-2 e HCoV-OC43, 22 fármacos de diversas classes apresentaram atividade antiviral potencial, onde o reposicionamento mostrou-se como uma alternativa promissora no tratamento da COVID-19. Dissulfiram apresentou potencial atividade antibacteriana frente a cepas padrão e isolados clínicos de Enterococcus spp. resistentes á vancomicina, apresentando sinergia com o antibacteriano padrão vancomicina frente a todas as cepas testadas (FICI<0,5). A combinação não foi citotóxica frente a linhagem RAW 264.7. Dissulfiram apresentou-se mais citotóxico frente ao hepatocarcinoma (IC50= 9,14) que ao melanoma (IC50= 29,36), e a sua utilização em conjunto com o cobre (II) foi sinérgica frente as duas linhagens celulares tumorais testadas. Os tratamentos não alteraram a presença de dsDNA, e no melanoma foi observada produção de EROs após exposição ao dissulfiram e esse associado ao cobre. Ebselen também apresentou potente atividade antibacteriana, principalmente frente a cepas Gram positivas. Quando associado ao ciprofloxacino, houve sinergismo frente a todas as cepas testadas, principalmente em Gram negativos, onde ciprofloxacino passou a apresentar concentrações ativas dentro da faixa clínica aplicável. Ebselen apresentou valores de IC50 elevados frente as duas linhagens celulares tumorais, sendo observada produção de EROs frente ao melanoma. Concluímos que o redirecionamento de medicamentos é uma abordagem promissora frente ao câncer, infecções fúngicas e bacterianas e no combate à COVID-19, e que dissulfiram e ebselen são também alternativas para a concepção de novos medicamentos com propriedades antitumoral e antibacterianas significativas.
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