“O meu maior medo é enlouquecer, não contrair Covid”: trabalho emocional e experiências no sistema único de assistência social no contexto pandêmico.
Resumo
O presente trabalho versa sobre as emoções das(os) trabalhadoras(es) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no contexto da pandemia da Covid-19. Para tanto, tem por objetivo, discutir como as mudanças ocorridas nos processos de trabalho decorrentes do atual cenário tem influenciado nas emoções das(os) profissionais da política de assistência social no Município de Santa Maria/RS. Diante do aumento das vulnerabilidades vivenciadas por um grande segmento populacional, busca-se compreender o que as emoções têm mobilizado na prática e como tem sido realizada a sua gestão. A pesquisa de caráter qualitativo foi realizada a partir de observação participante e entrevistas semiestruturadas com técnicas(os) de nível superior, assistentes sociais e psicólogas(os), que atuam nos equipamentos de proteção social básica e especial de média complexidade, isto é, nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). A investigação propõe-se a discutir as emoções a partir da perspectiva teórica da antropologia e sociologia das emoções, baseada principalmente sob a luz das teorias de Arlie Hochschild. O trabalho está dividido em duas etapas: a primeira consiste numa pesquisa bibliográfica e documental sobre a literatura e legislações que tratam da política de assistência social e as discussões sobre as emoções nas ciências sociais; a segunda refere-se às entrevistas semiestruturadas e a análise do material coletado através das lentes da antropologia e sociologia das emoções. Por fim, a investigação demonstra que as(os) trabalhadoras(es) realizam gerenciamento emocional em profundidade e na atual conjuntura existe mais trabalho emocional a ser realizado, sem ampliação do número de profissionais para realizá-lo.
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