Percepção de coerção de pacientes internados em uma ala psiquiátrica
Resumen
O movimento antimanicomial brasileiro impulsionou diversas mudanças legais e sociais no que
diz respeito ao asseguramento dos direitos de pessoas com transtornos mentais. Ao mesmo
tempo, a prática psiquiátrica ainda é um serviço de saúde que se utiliza de práticas coercitivas
ao longo do tratamento, sejam elas formais ou informais. A percepção de coerção do paciente,
por outro lado, é uma variável que independe do uso legal ou não das práticas coercitivas no
tratamento. O objetivo do presente estudo é conhecer a percepção de coerção de pacientes
internados em uma ala psiquiátrica. Participaram da pesquisa 10 pacientes internados há pelo
menos duas semanas em uma ala psiquiátrica de hospital público do interior do Rio Grande do
Sul. Os dados foram coletados por meio de um questionário socioeconômico e de uma entrevista
semiestruturada e submetidos à análise qualitativa. Verificou-se que as crenças e sentimentos
dos pacientes em relação ao contexto da internação, ao relacionamento com os profissionais e
à participação deles próprios em seu tratamento relacionam-se a uma menor ou maior percepção
de coerção, tanto de pacientes internados voluntária, quanto involuntariamente. A sensação de
prisão e tédio, juntamente com falhas na comunicação e no vínculo com a equipe do local parece
relacionar-se à maior percepção de coerção por parte dos pacientes. Por outro lado, uma
participação ativa no tratamento e a construção de bons vínculos com outros pacientes e com
os profissionais parece relacionar-se à percepção de coerção mais baixa. Por fim, uma
percepção de coerção diminuída contribui para a adaptação à rotina da unidade e para a
aderência ao tratamento.
Colecciones
- TCC Psicologia [93]
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