Demandas percebidas pelos profissionais da saúde e da assistência social acerca de uma rede intersetorial para combater a violência doméstica no meio rural
Abstract
A violência doméstica rural é um problema gravíssimo na sociedade brasileira que não é
devidamente reconhecido, estudado e combatido. A presente pesquisa possuiu como objetivo
explorar e compreender as demandas percebidas pelas profissionais da saúde e da assistência
social de um município da região extremo-oeste de Santa Catarina que atuam com essa
problemática. Esse estudo é qualitativo com finalidade exploratória. As informações usadas
para a construção deste trabalho foram entrevistas semiestruturadas com profissionais da
saúde e da assistência social atuantes no SUS e/ou SUAS de um município do extremo-oeste
catarinense que atuam com essa problemática, bem como materiais teóricos disponíveis na
literatura. As entrevistas foram realizadas entre julho e agosto de 2021. Estas foram analisadas
através da Análise do Discurso e delinearam-se três categorias principais: serviços existentes
e sua organização e estruturação; percepção e demandas das profissionais sobre os serviços
existentes; e fatores associados à violência doméstica. A partir destas, elaborou-se uma
diretriz para o desenvolvimento de uma rede intersetorial de atenção com seus serviços
(formais e informais), dispositivos de atenção e protocolo de atendimento, a qual procurou
considerar as demandas e questões específicas das mulheres vítimas de violência da zona rural
e das profissionais que as atendem. Além disso, discutiu-se, brevemente, as possíveis
contribuições diretas e indiretas da Terapia Ocupacional a partir dos conhecimentos
específicos desta profissão na atenção a essas mulheres, a saber: ocupações e cotidiano. Por
fim, evidenciou-se a necessidade de se ampliar e aprofundar o diálogo e desenvolver
pesquisas específicas com profissionais e serviços de todos os setores da sociedade, com as
mulheres vítimas de violência da zona rural e, em especial, com os agressores. É preciso
garantir às mulheres não só o acesso ao direito a uma atenção de qualidade após sofrer
violência, mas que elas possam existir em um mundo no qual não haja violência.