Suicídio de fumicultores a partir da percepção de familiares no Rio Grande do Sul
Abstract
O Rio Grande do Sul se destaca no cultivo do fumo, sendo o estado brasileiro responsável pela
maior produção de tabaco do país. Pesquisas apontam que o cultivo do tabaco pode ser bastante
insalubre, levando os fumicultores a sofrem com doenças em decorrência da produção de fumo,
dentre estes problemas de saúde o suicídio de fumicultores é alarmante. De acordo com o
Boletim de Vigilância Epidemiológica de Suicídio e Tentativa de Suicídio do Rio Grande do
Sul do ano de 2018 o estado apresenta uma média de suicídio quase duas vezes maior que a
média nacional. A partir destes dados foi realizada uma pesquisa com objetivo de identificar
que fatores socioculturais e psicológicos podem estar associados ao suicídio de fumicultores no
estado. Este trabalho é resultado de uma pesquisa exploratória, em que são realizadas
entrevistas semiestruturadas com familiares de fumicultores que cometeram suicídio,
trabalhadores da EMATER/RS- ASCAR e do CEREST, uma representante do MPA, e um
informante-chave da comunidade. A partir das entrevistas já realizadas apareceram alguns
fatores em comum nas narrativas dos familiares no que se refere à relação com as fumageiras,
como o endividamento e a falta de autonomia dos fumicultores nas negociações relacionadas
aos índices de reajustes de preços do fumo e comercialização. Também é possível identificar
prevalência de suicídio no sexo masculino, o que é associado ao estereótipo ligado a imagem
do homem do campo.