Narrativas da multiplicidade das marcas da violência e processos de elaboração
Resumo
O presente estudo busca entender o processo de elaboração da violência, observando como a
relação entre as marcas no corpo vindas das vivências de violência produzem um ser-mulher. A
pesquisa, de cunho qualitativo, foi desenvolvida a partir do método cartográfico e a discussão
aconteceu durante a estruturação dos capítulos que foram ordenados de acordo com as peles que
Hundertwasser propôs. Durante o desenvolvimento foram apresentados e analisados fragmentos do
livro “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood, e da web série “Confessionário - Relatos de Casa”. A
importância da pesquisa está relacionada aos recursos usados pelas mulheres ao enfrentar a
problemática da violência em sua vida cotidiana, assim como, ao entendimento das cicatrizes deixadas
pela violência e como as vítimas passam a perceber seus corpos diariamente. As discussões revelam
que a naturalização e institucionalização da violência contra a mulher no meio social, torna o processo
de reestruturação pessoal e compreensão da agressão demorado e muitas vezes doloroso para a
vítima que encontra recursos próprios para lidar com a situação de violência de acordo com os
instrumentos disponíveis. A identidade/percepção corporal nessa população se altera e a importância
das abordagens corporais como alternativas de cuidado dentro da clínica como potencializador da
produção de vida. O acompanhamento do sujeito possibilita a identificação dos agravos da violência
nos contextos mencionados podendo ser usado na elaboração de medidas de acolhimento mais
efetivas para o público em questão, destacando as abordagens corporais, contribuindo para cuidado
com a saúde de mulheres vítimas de violência.