Diversidade e conservação de Aegla leach, 1820 (Crustacea, anomura) em área prioritária para preservação
Fecha
2022-09-16Primeiro coorientador
Santos, Sandro
Primeiro membro da banca
Bueno, Sérgio Luiz de Siqueira
Segundo membro da banca
Teixeira, Gustavo Monteiro
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Crustáceos dulcícolas do gênero Aegla Leach, 1820, são componentes importantes da fauna de rios, riachos,
lagos e cavernas de diversos países da América do Sul, de onde são endêmicos. Atualmente o gênero é
representado por 93 espécies descritas, porém, estima-se que este número possa ser muito maior, visto os
complexos crípticos descobertos nas espécies de Aegla paulensis, Aegla longirostri e Aegla uruguayana.
Complexos de espécies crípticas são um problema taxonômico presente em diversos taxa, principalmente
aqueles com conservação morfológica, fazendo com que se subestime a real diversidade de espécies, trazendo
implicações para a conservação e manejo da biodiversidade. No Brasil, a região sul concentra a maior parte
da diversidade de espécies de Aegla, e estudos prévios demonstraram que as ecorregiões do Alto Uruguai,
Tramandaí-Mampituba e Laguna dos Patos formam uma grande área prioritária para conservação de eglídeos,
devido ao alto número de espécies e diversidade filogenética, elevado endemismo, e ameaças ao habitat
aquático. E justamente essa ameaça ao ambiente aquático serve como background para o capítulo I, no qual
avaliamos a preservação de ambientes de água doce dentro dessas áreas prioritárias, onde se localizam quatro
grandes Unidades de Conservação (UC). A qualidade da água foi avaliada em 33 pontos de coleta distribuídos
dentro e fora das UCs, através de análises físico-químicas, microbiológicas e detecção de pesticidas e
compostos farmacêuticos, com a finalidade de observar fatores que ameaçam a biodiversidade aquática. A
qualidade da água não diferiu significativamente entre locais protegidos e não protegidos, e indicou clara
poluição, com evidências de influxo de esgoto, mesmo em áreas bem conservadas. Encontramos 19 pesticidas
e cinco fármacos nas amostras de água da região analisada. Todos os pontos amostrados apresentaram ao
menos um composto pesticida e fármaco, com destaque para o 2,4-D, presente em 91% destes. As diferentes
fontes de dados nos permitiram observar que UCs não são suficientes para mitigar impactos antrópicos, e
medidas de preservação e manejo devem levar em conta toda a bacia hidrográfica, visto que os rios e riachos
extrapolam os limites das UCs. Os resultados servem de contexto para a avaliação da influência dos impactos
antropogênicos na biodiversidade aquática, em especial, as espécies do gênero Aegla, visto que, a degradação
de ambientes aquáticos é um dos principais fatores responsáveis pelo grande número de espécies do gênero
que estão ameaçadas de extinção, e medidas preventivas para preservação do ambiente aquático se tornam
essenciais para proteger a biodiversidade. No capítulo II, acessamos a diversidade e distribuição de Aegla na
área prioritária especificada anteriormente, também testando a hipótese de existência de complexos crípticos
entre as espécies da região. Para isso, utilizamos métodos de delimitação de espécies aplicados a sequências
do gene mitocondrial COI, juntamente com análises filogenéticas e morfológicas. Observamos 22 novas
espécies potenciais, divididas em três complexos crípticos: sete espécies putativas em Aegla jarai, três em
Aegla franciscana e uma em Aegla camargoi, além de impressionantes 11 outras espécies putativas não
incluídas em nenhum agrupamento, evidenciando que a real diversidade do grupo ainda é muito
desconhecida. Nossos resultados indicam que a região de estudo tem a maior riqueza de espécies de Aegla,
o que a torna ainda mais prioritária para a conservação do gênero e preservação de seus habitats. Destaca-se
também a taxonomia integrativa como o melhor meio para detectar novas espécies em grupos com morfologia
conservada.
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