O ensino de genética e evolução em perspectiva antirracista
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Data
2023-12-11Primeiro membro da banca
Mariani, Vanessa de Cássia Pistóia
Segundo membro da banca
Vestena, Rosemar de Fátima
Terceiro membro da banca
Chitolina, Maria Rosa
Quarto membro da banca
Forde, Gustavo Henrique Araújo
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Pesquisas apontam que no ensino de Genética e Evolução os alunos têm dificuldade de aprender a variedade de termos científicos e de relacioná-los com a vida em sociedade, e as práticas de ensino são eurocentradas (SILVÉIRO; VERRAGIA, 2021). Não obstante, muitos livros didáticos têm escassez de textos que relacionem genética com assuntos sociocientíficos (QSC) (CONRADO; NUNES-NETO, 2018). Por isso, problematizou-se: Como ensinar Genética e Evolução para reduzir a visão eurocêntrica e a ampliação de outras percepções? Como intervir nas práticas de racismo recreativo, com base no fenótipo, exercido de modo (ex)implícitas no interior da sala de aula? Considera-se a tese de que é possível descentralizar as práticas eurocentradas desmitificando as pseudociências ou racismo científico por intermédio do ensino de Genética e Evolução no 9º ano do Ensino Fundamental. O racismo científico ou pseudociências a que nos referimos são o Darwinismo Social e Eugenia, que surgiram no século XIX, quando Herbert Spencer (1820-1903) usou as ideias de Darwin (1809-1882) para criar o Darwinismo Social, teoria que considerava o estrato social como herança genética; para ele, existiam raças superiores (brancos) dotados de inteligência, e raças inferiores representadas por pessoas não-brancas (LEITE, 2019). Essa teoria foi apoiada e aprimorada por Francis Galton (primo de Charles Darwin) que criou a Eugenia, teoria que promulgava a existência de pessoas bem nascidas ou de boa estirpe e de pessoas que não tinham estirpes, sendo que os primeiros deveriam reproduzir entre si para gerar uma espécie melhorada de seres humanos, enquanto os demais deveriam ser eliminados da Terra com ajuda do Estado (BLACK, 2003). Essas pseudociências subsidiaram a esterilização de homens e mulheres, além da segregação e proibição de casamento inter-racial nos EUA. Na Alemanha, serviu para Hitler justificar o genocídio contra os judeus. Na atualidade, essas pseudociências subsidiam preconceitos e racismo dentro e fora da sala de aula. Por isso, justifica-se diferenciar o que foi o Darwinismo e o Darwinismo Social, apontando o que é Ciências e o que são Pseudociências para democratizar o currículo por meio de práticas de ensino de ciências em perspectiva antirracista no contexto da Lei 11.645/08 (BRASIL, 2008). Portanto, objetivou-se desenvolver práticas de ensino de Genética e Evolução em perspectiva antirracista. Adotamos a metodologia de Pesquisa-Ação por ter caráter formativo e emancipatório pelos quais os envolvidos adquiram consciência das transformações que ocorrem em si e no entorno (FRANCO, 2005), produziu-se uma sequência didática (SD) que foi aplicada em turmas de 9º ano do Ensino Fundamental, pela qual obteve êxito acima de 70% em relação à aprendizagem de dominância gênica; e progressos superiores a 90% ao que se refere à aprendizagem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais (ZABALA, 1998) de genética e evolução. A maioria dos alunos aprendeu a diferença entre Darwinismo e Darwinismo Social, Eugenia e Necropolítica demonstrando bons resultados com a prática de ensino elaborada. Assim, espera-se que essas práticas antirracistas se repliquem, e também de outros objetos de conhecimento das Ciências Biológicas, tornando o currículo pluralista e equânime, de modo que represente, respeite e permita conhecer as variadas raças e culturas que compõem o povo brasileiro, corroborando ativamente para o antirracismo dentro e fora da sala de aula.
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