Resistência antimicrobiana de escherichia coli isolada de fezes de bezerros alimentados ou não com leite de descarte
Fecha
2024-02-29Autor
Barcelos, Roberto Antônio Delgado
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Uma das questões de maior importância no âmbito da saúde única são as cepas bacterianas multirresistentes aos antimicrobianos. Embora o surgimento e o estabelecimento de resistência seja um fenômeno natural, inevitável e irreversível, o uso indiscriminado de antimicrobianos pode acelerar o processo através de pressão seletiva. O uso de antimicrobianos na cadeia produtiva bovina, especialmente no tratamento de mastite, pode gerar resíduos que são excretados no leite, tornando-o impróprio para o consumo humano. Com isso, o leite proveniente de animais em tratamento com antimicrobianos, bem como em período de carência pela aplicação de fármacos, é considerado não comercializável, o que constitui o “leite de descarte”. Visando reduzir as perdas na propriedade, muitos produtores optam por fornecer esse leite aos animais jovens, substituindo o sucedâneo na alimentação dos bezerros. No entanto, os resíduos de antimicrobianos presentes nesse alimento podem afetar a microflora intestinal dos animais e selecionar isolados resistentes. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar se existe relação entre o isolamento de Escherichia coli multirresistentes aos antimicrobianos recuperadas de fezes de bezerros e a ingestão de leite de descarte contendo resíduos de antimicrobianos. Para isso, foram coletadas amostras de fezes de 70 animais lactentes, de até 90 dias de vida, de diferentes propriedades localizadas em sete municípios do Rio Grande do Sul. Os animais foram distribuídos em quatro grupos: bezerros com diarreia e consumindo leite de descarte (n=15, G1S), sem diarreia e consumindo leite de descarte (n=20, G1N), com diarreia e sem consumo de leite de descarte (n=15, G2S), e sem diarreia e sem consumo de leite de descarte (n=20, G2N). As amostras foram inoculadas em meios de cultura e os isolados de E. coli submetidos ao teste de susceptibilidade aos antimicrobianos e à PCR para pesquisa de genes de fímbrias e toxinas. Os isolados foram classificados como multirresistentes (MDR), quando apresentaram resistência a, pelo menos, um antimicrobiano de três ou mais classes diferentes. No grupo G1S todos os animais apresentaram isolados de E. coli MDR aos antimicrobianos nas fezes (15/15, 100%). No grupo G2S, 6 amostras apresentaram isolados multirresistentes (6/15, 40%). Quando analisados os grupos de animais sem diarreia, a frequência de animais abrigando isolados MDR também foi superior naqueles que receberam leite de descarte (G1N: 12/20, 60%) em relação aos que receberam sucedâneo ou leite de tanque (G2N: 2/20, 10%). Houve relação significativa (p<0,05) entre o isolamento de E. coli MDR e o consumo de leite de descarte, tanto em animais com diarreia quanto hígidos. Relação positiva também foi verificada quando se avaliou o fornecimento de leite e a presença de E. coli MDR nas fezes, independente do quadro clínico dos animais. Esses resultados indicam que o fornecimento de leite contendo resíduos de antimicrobianos favorece a manutenção e a propagação de isolados de E. coli MDR na microbiota fecal de bezerros. Considerando que os isolados de E. coli MDR serão excretados nas fezes dos animais, é provável que essas bactérias contaminem o ambiente e, oportunamente, causem infecções de difícil tratamento tanto em animais quanto em humanos, constituindo um grave problema de saúde única.
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