Representações sociais da infância indócil: análise dos registros nos livros de ocorrência em uma escola municipal de Santa Maria/RS
Fecha
2012-09-03Metadatos
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A presente tese de Doutorado teve como objetivo conhecer, analisar e compreender como são
produzidas as Representações Sociais dos indóceis escolares, a partir dos registros nos livros de
ocorrência dos anos iniciais de uma escola municipal de Santa Maria/RS. Foi desenvolvida na Linha
de Pesquisa Educação Especial , do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de
Educação da Universidade Federal de Santa Maria/RS (PPGE/CE/UFSM). Sendo a categoria infância
uma construção social, apresentamos uma visão histórica da representação, constituição e produção
da infância indócil: criminosa, infratora, transtornada e medicada, sob olhares da mídia, as Ciências
Jurídicas, as Ciências Médicas, a Educação e Educação Especial, contemplando saberes de âmbitos
da interdisciplinaridade (JAPIASSÚ, 1976), perpassando pela construção de marcos mundiais no
reconhecimento dos direitos das crianças e das Políticas Públicas voltadas para estas. Conhecer as
representações sociais (MOSCOVICI, 1978; 2010; JODELET, 2001) produzidas no espaço escolar
sobre os indóceis escolares a partir da análise dos livros de ocorrência e identificando procedimentos
adotados pela escola em relação à demanda infância indócil, bem como quais os impactos nas
práticas de (in) exclusão, contemplamos questões Como as Representações a partir da análise dos
livros de ocorrência produzem a exclusão de alunos indóceis? A pesquisa foi de cunho documental,
e envolveu materiais que ... não receberam ainda um tratamento analítico (GIL, 2008, p. 66),
ocorreu em uma escola municipal de Ensino Fundamental da cidade de Santa Maria/RS, com a
utilização de 05 livros de registros de ocorrência envolvendo alunos dos anos iniciais, com amostra
total de 954 registros, sendo que destes, 743 (setecentos e quarenta e três) foram utilizados.
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa/UFSM, sob nº 0287.0.243.000-11/2011, a análise e
coleta do material ocorreu nos meses de junho a julho/2011, sendo utilizado diário de campo e
fotocópia. Os resultados evidenciaram que, no contexto da realidade pesquisada, questões
envolvendo a infância indócil são de âmbito comportamental em detrimento das cognitivas. Não
evidenciamos casos onde ambos os aspectos estivessem presentes nos registros, o que implica um
deslocamento e uma nova representação formada: na atualidade saem de cena aquelas demandas
com problemas de aprendizado, bem como os transtornados e hiperativos medicados, sendo estes
produções da medicina, para dar lugar aos indóceis escolares, os quais provavelmente irão fomentar
a instância jurídica, com a já produzida infância infratora, observada pelos holofotes da mídia, a qual
vem sistematicamente divulgando e propagando reportagens sobre a infância infratora, relacionada
com o surgimento e explosão de um fenômeno de âmbito internacional, o Bullying. A carência de
Políticas Públicas específicas para a educação e permanência da infância indócil na escola, faz-se de
tal urgência, somados às discussões sobre a formação de professores, visto a escola utilizar ainda
métodos e técnicas punitivas, ameaçadoras e excludentes, o que denota despreparo para o trabalho
com este público. Outro aspecto que merece ser evidenciado envolve abordagens interdisciplinares,
sendo esta temática em questão crucial para o investimento no campo das Políticas Públicas em
Educação, contribuindo assim para a permanência destas demandas na escola, minimizando
impactos da exclusão, ainda presentes.